Petrônio Viana
O Centro Xingó de Convivência com o Semiárido, instalado no município de Piranhas, no Sertão alagoano, tornou-se referência internacional no desenvolvimento de tecnologias sociais voltadas ao trabalhador rural que busca conviver com as intempéries do clima.
Gerido por um comitê do qual fazem parte a Secretaria de Estado da Agricultura, Pesca e Aquicultura e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (IABS), dentre outros, o Centro passará a reunir as demandas brasileiras para uma rede mundial de cooperação voltada para o auxílio às populações do Semiárido em vários países.
As características únicas do clima e da vegetação do Sertão alagoano, segundo o gestor federal do Ministério do Meio Ambiente, João Sávio Padilha de Castro, teriam levado a essa escolha.
“Em outros países, existe sempre uma temporada de chuvas. Aqui, é possível passar anos inteiros sem cair uma gota. O fator positivo é que a caatinga precisa apenas de um pouco de água para reagir”, explica o gestor.
O secretário de Estado da Agricultura, Álvaro Vasconcelos, destaca a importância do papel de Alagoas na rede de cooperação internacional. “O Governo será o interlocutor entre as universidades, os institutos e o agricultor familiar na formação de um ambiente produtivo e sustentável. Assim, seguimos o princípio de convívio do homem com o Semiárido, como orienta a ONU, e não mais de combate ao meio”, afirma.
Segundo a coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento Rural e Tecnologias Sociais do Centro Xingó, Carla Gualdani, 20 famílias selecionadas para o programa puderam escolher as tecnologias a serem instaladas em suas propriedades. Foram distribuídos biodigestores, ecofogões - que alcançam altas temperaturas com uso de pequenas quantidades de lenha -, desvios automáticos ou cisternas de primeira água - sistemas de captação das águas das chuvas que utiliza uma tubulação adaptada às calhas das residências - e cisternas do tipo “calçadão” - que aproveitam as águas das chuvas por meio de uma área de cimento e a conduz a quintais agroecológicos.
Os efeitos positivos são apresentados pelos moradores beneficiados. Dona Cida da Cruz e seu marido, José Tolsi, do Distrito de Piau, em Piranhas, dizem que a vida não é mais a mesma desde que foram selecionados para instalar, em sua propriedade, um ecofogão, uma cisterna de primeira água e uma cisterna “calçadão”.
“Eu sempre gostei de cuidar das plantas e agora, com essa água, consigo vê-las crescer”, comemora Dona Cida, mostrando com orgulho os pés de acerola, pinha, goiaba, mamão e a plantação de palma em seu quintal.
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