28/05/2023 11:03:40
Cultura
Juninas de Arapiraca apostam na confecção de peças exclusivas para São João
Figurinos começam a ser produzidos meses antes e exigem trabalho árduo em todos os detalhes
AssessoriaJuninas de Arapiraca apostam na confecção de peças exclusivas para contar as histórias do São João
Assessoria

No São João, um dos encantos que as quadrilhas juninas levam ao público é a explosão de cores e brilhos nas apresentações. Os figurinos não são apenas um acessório dos grupos, mas protagonistas do espetáculo, planejados e elaboradores muito antes dos dias de show no palhoção. Peça por peça e pedraria por pedraria, os responsáveis pelas roupas e adereços das estilizadas se dedicam durante grande parte do ano à criação que vai encher os olhos de quem os assiste.

Um deles é o Moisés Damasceno, líder da quadrilha Vale do Mandacaru e responsável, ao lado de mais quase 10 pessoas, pelo figurino dos integrantes. Em 2023, o grupo que nasceu no Residencial Brisa do Lago vai levar aos arraiás de Arapiraca o tema “É festa no Vale, é noite de São João, vem viver com a gente essa linda emoção!”, um retrato da fé do povo nordestino e resgatar as tradicionais cantigas das rodas de ciranda do São João e rimas de cordel.

Para isso, as vestimentas foram planejadas desde novembro de 2022, poucos meses depois do término do São João. “O figurino desse ano começa em cores fechadas, como o preto e o branco, representando luto pelo fim da festa de São João na cidade fictícia, mas que logo após alguns acontecidos voltam a tornar a cidade cheia de cor”, revela Damasceno.

Segundo o líder, a expectativa é enorme para mostrar ao público os frutos de um trabalho que é minuciosamente realizado, com todo o cuidado e afeto que só os verdadeiros apaixonados pelas chamas do São João podem entregar. “A expectativa é muito grande e ansiedade toma conta. O meu amor pelo são João e por minha Junina me dá forças pra seguir mantendo a cultura junina viva na cidade e levando o nome de Arapiraca e a nossa dança pra outros estados”, diz ele.

De peça em peça

A Junina Renascer do Sertão, do bairro Manoel Teles, disputa, em 2023, a 1ª divisão da Liga de Quadrilhas de Alagoas, o chamado “Grupo especial”. Além disso, o grupo também vai sair de Arapiraca e se apresentar pela primeira vez no São João de Campina Grande, um dos maiores do Nordeste. Diante de tanta empolgação, o cuidado no preparo dos figurinos dos integrantes é fundamental, e vem desde a escolha dos materiais brutos que se transformam nas vestes de cada um.

“O processo de compras é feito a medida que vamos arrecadando dinheiro para a compra dos materiais necessários. Além de buscarmos as melhores opções de qualidade, também buscamos principalmente a melhores opções de preço, pois tem que ser os mais acessíveis e econômicos, porque o custo dos figurinos é muito alto. Então sempre buscamos economizar o máximo para que possamos realizar o figurinos assim como está no projeto”, diz o presidente da quadrilha, Eduardo Portuga.

Ainda de acordo com ele, uma verdadeira equipe espalhada pelo estado e fora dele trabalha em todos os detalhes.”Nosso tema é o mastruz e nosso figurino traz algo simples e ao mesmo tempo sofisticado, retratando a simplicidade de uma erva e a riqueza da medicina natural, assim também como a simplicidade das religiões e a riqueza da fé, contendo alguns objetos representativos da fé de um povo em suas diferentes crenças, e claro, muito verde representando a erva mastruz e todas as folhas medicinais”, detalha o presidente do grupo.

Uma costureira de Maceió é responsável pela confecção das saias, três de Arapiraca tomam conta das roupas masculinas e corpetes femininos e os como os calçados, arranjos e acessórios ficam a cargo de outros profissionais. As compras dos materiais são feitas em Arapiraca, Maceió, Caruaru, Recife e até São Paulo.

Já Lindoberg Marrony, figurinista da Tradição Junina e da Gibão de couro da cidade de Pilar, começou a projetas as peças dos grupos em dezembro. À frente do ateliê LMarrony, ele diz que o período junino é uma das altas temporadas de suas peças, e por isso é necessário expandir a equipe com mais seis profissionais, divididos entre roupas e bordados. “as peças também são essenciais para retratar a mensagem que o grupo quer passar. O diálogo entre figurino e tema esse ano vem da história do rio que vamos falar. Escolhemos a cor verde para simbolizar a esperança dos povos ribeirinhos e as algas do rio, assim queremos transmitir força, beleza e elegância”, conta.

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