O caso da morte do adolescente Gabriel Lincoln Pereira da Silva, de 16 anos, em Palmeira dos Índios, no Agreste de Alagoas, ganhou repercussão nacional neste domingo (21), com a reportagem exibida pelo Domingo Espetacular, da Rede Record, apresentado por Roberto Cabrini e Camila Busnello.
O Todo Segundo já havia adiantado a presença da TV Record na cidade. A reportagem trouxe entrevistas com os pais do adolescente, depoimentos de advogados de defesa e acusação e revelou os nomes dos policiais envolvidos: Michel Marques dos Santos, Jordi Moreira de Macena e Alex Melo Santos. Entre os detalhes inéditos está o depoimento do sargento Alex Melo Santos à Polícia Civil.
O sargento Alex Melo Santos afirmou, durante seu interrogatório no inquérito policial, que atirou em legítima defesa, alegando que Gabriel estaria armado com um revólver calibre .38. Segundo o policial, no momento em que Gabriel sacou a arma, ele sentiu que precisava reagir imediatamente para se proteger.
Em diálogo com os investigadores, o sargento relatou: Polícia Civil: — O senhor viu nitidamente o momento em que ele [Gabriel Lincoln] sacou a arma? Sargento Alex Melo: — Sim, senhor. Foi na hora que eu me assustei e empurrei. Eu escutei o som do disparo, mas na minha cabaça foi um negócio tão prolongado, o som.
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Investigação e denúncias
O caso ganhou grande destaque no estado e repercussão nacional. O Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL) denunciou três policiais militares, pedindo a reclassificação do crime de homicídio culposo para homicídio doloso — quando há intenção de matar.
O sargento acusado do disparo fatal pode responder por homicídio e fraude processual, enquanto os outros dois militares respondem por adulteração da cena do crime, caracterizando fraude processual.
O exame residuográfico, peça-chave da investigação, deu resultado negativo, afastando a versão de que Gabriel havia disparado uma arma. Análises avançadas de DNA reforçaram que o material genético encontrado no revólver não pertencia ao adolescente. Já a perícia balística constatou que a arma estava em plenas condições de uso, mas não havia indícios de que tivesse sido manuseada por Gabriel. Conforme constatou a Polícia Civil na conclusão do inquérito, o revólver atribuído ao jovem pelos policiais foi plantado para simular um confronto inexistente.
Histórico do caso
Gabriel Lincoln foi morto na noite de 3 de maio, durante uma perseguição da Polícia Militar pelas ruas de Palmeira dos Índios. Segundo a versão inicial da Polícia Militar, o adolescente teria sacado um revólver calibre .38 e disparado contra a viatura, motivando a reação dos policiais.
Um único disparo nas costas atingiu Gabriel, perfurando pulmão e coração, e ele não resistiu aos ferimentos, mesmo após ser socorrido e levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município.
A família contestou desde o início a versão apresentada pela PM, afirmando que Gabriel não estava armado e havia apenas saído de casa para comprar alface, enquanto ajudava no quiosque de lanches dos pais. O caso provocou comoção em Palmeira dos Índios e reacendeu o debate sobre abuso de autoridade e conduta policial em Alagoas.
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