É exclusivo: O inquérito policial que apura a morte do adolescente Gabriel Lincoln Pereira da Silva, de 16 anos, ocorrida no dia 3 de maio deste ano, em Palmeira dos Índios, Agreste de Alagoas, teve um novo avanço com a conclusão do exame de balística realizado no revólver calibre .38 atribuído ao menor.
Segundo o laudo pericial, a arma estava em plenas condições de uso e possuía capacidade para efetuar disparos. O exame também confirmou que o projétil deflagrado, localizado no tambor do revólver, partiu da mesma arma, o que indica compatibilidade entre o projétil e o armamento supostamente apreendido.
Apesar disso, a arma não possui registro no Sistema Nacional de Armas (SINARM) da Polícia Federal, o que reforça questionamentos sobre sua origem e levanta dúvidas adicionais no curso da apuração.
Outro laudo pericial apontou a presença de material genético no revólver. A perícia, entretanto, não detalhou se trata-se de sangue, pele ou outro tipo de resíduo biológico. Com isso, foi solicitada a coleta de material genético dos pais de Gabriel, procedimento já realizado no Instituto Médico Legal (IML).
A próxima etapa será a reprodução simulada dos fatos, marcada para o dia 15 deste mês, no mesmo local onde ocorreu a abordagem policial. A simulação será comandada pelo Instituto de Criminalística (IC) e contará com a presença de peritos criminais, testemunhas, representantes do Ministério Público de Alagoas (MPAL) e da comissão de delegados responsável pela investigação.
Procurado pelo Portal Todo Segundo, o advogado Gilmar Torres, que representa a família da vítima, declarou que há grande expectativa em torno da reconstituição, considerada essencial para esclarecer pontos ainda nebulosos da investigação. Segundo ele, esse procedimento é um pleito antigo da defesa e deve ser determinante para a conclusão do inquérito.
“A confirmação de que a arma atribuída ao Gabriel estava em condições de disparo reforça a necessidade de cautela na condução da investigação. A defesa nunca negou a importância da perícia técnica, mas seguimos sustentando que há elementos que ainda precisam ser profundamente esclarecidos. A simulação marcada para o dia 15 é, sem dúvida, um momento crucial. É a oportunidade de confrontar tecnicamente as versões e buscar a verdade com base nos fatos, não em suposições. A família aguarda com expectativa e dor, mas também com a esperança de que a justiça prevalecerá,” afirmou o advogado.
Laudos ainda pendentes
Dois exames periciais seguem pendentes:
Esses documentos ainda não foram oficialmente entregues à Polícia Civil.
Versões em conflito
De acordo com a versão do policiais militares, Gabriel estaria realizando manobras perigosas em uma motocicleta, não obedeceu à ordem de parada e, durante a fuga, teria sacado uma arma e disparado contra a guarnição, que respondeu com tiros.
A família da vítima nega que ele estivesse armado e afirma que houve uso desproporcional de força por parte dos policiais, versão que tem mobilizado a opinião pública local desde o ocorrido. O caso gerou comoção e protestos em Palmeira dos Índios, com apelos por justiça e transparência nas investigações.
Inquérito na reta final
Com os principais depoimentos colhidos, laudos em fase de conclusão e a simulação marcada, o inquérito entra na etapa final. Após o encerramento, o relatório será encaminhado ao Ministério Público de Alagoas, que avaliará se há elementos suficientes para apresentar denúncia e eventual responsabilização criminal.
Enquanto isso, a sociedade e os familiares seguem mobilizados, em busca de respostas concretas sobre o que realmente aconteceu naquela noite.
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