As mulheres alagoanas estão adiando cada vez mais a maternidade. Dados divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a idade média de fecundidade em Alagoas passou de 26,2 anos em 2010 para 27,2 anos em 2022. O levantamento faz parte do Censo Demográfico 2022 e acompanha uma tendência nacional de gravidez mais tardia, marcada por mudanças no perfil das mães brasileiras nas últimas décadas.
A maternidade tardia tem se consolidado em todo o país, mas o avanço é mais evidente nos últimos 12 anos. A média nacional subiu de 26,8 anos (2010) para 28,1 anos em 2022. Entre os estados, o Distrito Federal apresenta a maior idade média para fecundidade (29,3 anos), enquanto o Pará figura entre os mais jovens, com 26,8 anos. Em Alagoas, o salto de um ano reflete transformações culturais, sociais e econômicas que afetam a decisão sobre o momento de ter filhos.
Menos filhos por mulher, mas Alagoas segue no topo do Nordeste
Além da gravidez em idade mais avançada, a pesquisa do IBGE mostra que as mulheres estão tendo menos filhos. A Taxa de Fecundidade Total (TFT), que estima o número de filhos por mulher durante o período reprodutivo (15 a 49 anos), caiu de 1,90 em 2010 para 1,55 em 2022 no Brasil – número bem abaixo do nível de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher.
Mesmo com a queda, Alagoas tem a maior taxa de fecundidade do Nordeste: 1,77 filhos por mulher, acima da média regional, que é de 1,60. Em décadas passadas, o cenário era bem diferente. Em 1960, por exemplo, a região Nordeste registrava uma média de 7,39 filhos por mulher, atrás apenas da região Norte (8,56). A redução constante nas últimas décadas confirma uma mudança no comportamento reprodutivo das brasileiras.
Fecundidade varia por raça, cor e escolaridade em Alagoas
Os dados do Censo 2022 também revelam desigualdades marcantes na idade da maternidade e no número de filhos por mulher, especialmente quando analisadas variáveis como cor, raça e nível de instrução.
Em Alagoas, as mulheres brancas têm idade média de fecundidade de 27,5 anos. Já as mulheres pretas são mães mais cedo, com média de 26,5 anos, e as pardas aparecem com 27,2 anos. Em nível nacional, o padrão se repete: as mulheres brancas são as que mais adiam a gravidez, com média de fecundidade aos 29 anos.
O fator escolaridade influencia ainda mais esse comportamento. Em Alagoas, mulheres com ensino superior completo tornam-se mães, em média, aos 31 anos e têm 1,20 filho por mulher. Por outro lado, as mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto chegam à maternidade por volta dos 25,9 anos, com uma taxa de fecundidade total estimada em 2,36 filhos — praticamente o dobro do índice entre as mais escolarizadas.
Transição demográfica e novos desafios
Os dados indicam que Alagoas vive uma transição demográfica. Apesar da redução nas taxas de fecundidade e da elevação da idade média da maternidade, o estado ainda mantém indicadores acima da média nacional, especialmente nas camadas mais vulneráveis da população.
A pesquisa reforça que políticas públicas voltadas à educação, saúde sexual e reprodutiva, e igualdade de oportunidades continuam sendo fundamentais para garantir escolhas mais conscientes e justas para as mulheres alagoanas, em todos os recortes sociais.
E-mail: portaltodosegundo@hotmail.com
Telefone: 3420-1621