
Um estudo divulgado nesta quinta-feira (20), Dia da Consciência Negra, pelo Instituto Sou da Paz, trouxe dados alarmantes sobre o impacto do racismo na violência armada no Brasil — e colocou Alagoas entre os estados mais perigosos do país para homens negros.
O relatório “Violência Armada e Racismo: O papel da arma de fogo na Desigualdade Racial” revela que homens negros têm três vezes mais chances de serem mortos por armas de fogo do que homens não negros no território nacional, um índice que representa 211% de desigualdade racial.
A pesquisa analisou dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Sinan, cobrindo o período de 2012 a 2023, e mostra que Alagoas ocupa o quarto lugar no ranking dos estados onde homens negros têm maior probabilidade de serem assassinados, com uma taxa de 58 mortes por 100 mil homens.
A região Nordeste aparece como a mais letal:
O Norte vem em seguida, com taxas elevadas impulsionadas por conflitos fundiários, disputas territoriais e garimpo ilegal. Já o Sudeste e Sul registram índices menores, sendo esta última a única região onde a maioria das vítimas não é negra.
Mesmo não liderando em números absolutos, Alagoas se destaca entre os estados com maiores taxas proporcionais de homicídios masculinos.
Taxa por 100 mil homens:
Entre as capitais, Maceió aparece com a quarta maior taxa, registrando 72,9 mortes por 100 mil homens, atrás apenas de Macapá, Salvador e Recife.
O estudo também mostra que a violência atinge de forma desproporcional os jovens:
Violência armada não letal também cresce
Entre 2012 e 2024, o sistema de saúde registrou mais de 58,5 mil notificações de violência armada contra homens, com 5.605 apenas em 2024, um aumento de 59% em três anos. Assim como nos homicídios, as vítimas são majoritariamente negras.
Impacto para Alagoas
O relatório reforça a urgência de ações específicas no estado, que já viveu alguns dos piores índices de homicídios do Brasil na última década. A prevalência de armas ilegais, disputas entre facções, desigualdade racial e vulnerabilidade social torna os homens negros alagoanos um dos grupos mais ameaçados do país.
A pesquisa serve como um alerta para o poder público estadual e municipal e deve pautar debates sobre segurança, prevenção, inteligência policial e políticas sociais voltadas à juventude negra — a mais afetada pela violência letal.
O que diz o Instituto Sou da Paz
Para Carolina Ricardo, diretora-executiva do instituto, a resposta passa necessariamente pelo controle de armas:
“É preciso investir na prevenção dos fatores da violência armada, controlando a disponibilidade de armas de fogo na sociedade brasileira, tanto no mercado legal quanto no enfrentamento ao seu tráfico ilegal”, afirmou.

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