“Meu filho foi passar o natal com os avós em Passo de Camaragibe e, quando fui buscá-lo, no dia 14 de janeiro de 2014, descobri que ele estava desaparecido. Ele tinha 14 anos na época, saiu com dois outros jovens e nunca mais voltou. Fizemos buscas nas matas, rios e não conseguimos localizá-lo. Já são 8 anos, mas não desisti de achá-lo”, disse, emocionada, Irenilda da Conceição, que não perdeu a esperança de encontrar o filho Elias Natanael dos Santos com vida.
O relato dessa mãe foi feito durante reunião do Comitê Gestor Estadual de Política Nacional de Busca por Pessoas Desaparecidas da Secretaria de Segurança Pública. No encontro, foram apresentados dados atualizados sobre desaparecimentos ocorridos em Alagoas e discutidas ações que serão realizadas no dia 25 de maio, quando se celebra o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas.
Os números apresentados por Helena Bonfim, representante do Programa de Identificação e Localização de Desaparecidos (Plid) em Alagoas, que integra o Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid), são impressionantes e preocupantes. De 2018 a 2022, foram registrados 1.584 casos em todo o estado, 61% deles não têm motivo aparente.
“Desse total de desaparecidos, 62,37% são do sexo masculino, 36,06% do feminino, e 1,57% indeterminado. Pela faixa etária de idade, o maior número de desaparecidos é de adolescentes entre 12 e 17 anos, com 31,25%, seguido de vítimas entre 18 e 24 anos, com 15,63%. O percentual de crianças, de até 11 anos, é de 4,17%”, explicou Helena Bonfim.
Dados da Secretaria de Segurança Pública mostram que a maioria dos desaparecimentos aconteceram em Maceió (782), em segundo lugar está o município de Arapiraca (147), seguido de Rio Largo, com 84 casos. Outro dado importante levantado pela Polícia Científica nos IMLs de Maceió e Arapiraca são os registros de 800 corpos não reclamados, a maioria deles não identificados.
Amostras de material biológico desses corpos foram extraídos para serem inseridos na Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG). A ação faz parte da Campanha Nacional de Desaparecidos, que tenta identificar essas vítimas e seus familiares.
“Esses números são de extrema importância para o desenvolvimento de ações integradas para combater e divulgar casos de desaparecimento no Estado. Nós, que fazemos parte desse grupo, estamos construindo juntos novas políticas públicas para buscar respostas para essas famílias que não perderam a esperança de encontrar o ente desaparecido e que procuram os órgãos oficiais pedindo ajuda”, afirmou o perito médico legista Diogo Nilo, autoridade central estadual do Comitê.
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