Alagoas segue majoritariamente católica, mas o número de evangélicos cresce de forma expressiva, revelam os dados preliminares do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira (6), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa traçou um retrato da religiosidade no estado, apontando tendências que refletem mudanças culturais e sociais.
De acordo com o levantamento, 64,2% da população alagoana com 10 anos ou mais se declarou católica, o que representa aproximadamente 1,7 milhão de pessoas. Ainda que continue sendo a fé mais popular, o percentual caiu em relação ao Censo de 2010, quando os católicos representavam 72,6% da população.
No outro extremo, o número de evangélicos disparou. Em 2010, eles eram 15,7% da população, e agora já somam 22,9% — mais de 609 mil pessoas. É um crescimento que acompanha a tendência nacional: no Brasil como um todo, os evangélicos representam 26,9% da população.
A pesquisa também apontou crescimento das religiões afro-brasileiras, como umbanda e candomblé, que passaram de 0,08% para 0,40% em Alagoas entre 2010 e 2022. Em números absolutos, o total de adeptos saltou de pouco mais de 2,1 mil para 10,6 mil pessoas.
Outro destaque é o grupo dos que afirmam não ter religião — formado por ateus, agnósticos ou pessoas que simplesmente não se identificam com nenhuma crença — que somam 9,31% da população alagoana, cerca de 247,8 mil pessoas. O percentual é ligeiramente inferior ao registrado em 2010 (9,45%).
Diversidade em crescimento
O grupo classificado como “outras religiosidades” também cresceu, passando de 1,38% para 2,31% em 2022, englobando mais de 61 mil pessoas no estado. Essa categoria abrange religiões tão variadas quanto testemunhas de jeová, católicos ortodoxos, judeus, islâmicos, budistas, hinduístas, tradições esotéricas, religiões ayahuasqueiras e até declarações múltiplas ou indefinidas de fé.
Já as religiões de tradição indígena, que não foram mapeadas no Censo 2010, apareceram pela primeira vez em 2022, reunindo 0,11% da população — cerca de 3 mil pessoas.
Transformações na fé
Esses números refletem transformações significativas na religiosidade alagoana ao longo dos últimos anos. Enquanto o catolicismo apresenta queda, os evangélicos se expandem e ocupam cada vez mais espaço no cenário religioso do estado.
Para especialistas, esse movimento pode estar relacionado a fatores como a urbanização, a capilaridade das igrejas evangélicas nas periferias, o discurso de acolhimento e a forte presença midiática, que ampliam a visibilidade e o alcance das denominações.
O Brasil também muda
A nível nacional, o catolicismo segue em queda (56,7% da população), enquanto evangélicos (26,9%), religiões afro-brasileiras (1%) e pessoas sem religião (9,3%) apresentaram crescimento.
Como foi feita a pesquisa
O levantamento faz parte da divulgação “Censo Demográfico 2022: Religiões – Resultados Preliminares da Amostra”. Os dados consideram a população com 10 anos ou mais, analisando também cor ou raça, sexo, idade, alfabetização, nível de instrução e outras características dos moradores.
Os resultados detalhados podem ser consultados no site do IBGE e no Sidra, a plataforma de estatísticas da instituição.
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