22/09/2025 17:19:23
Alagoas
Mulher mantém irmão acorrentado em casa em Arapiraca após abandono do Estado
Caso evidencia ausência de assistência e precariedade do sistema de saúde mental em Alagoas
Todo SegundoMulher mantém irmão acorrentado em Arapiraca e denuncia abandono do Estado
Todo Segundo

O caso acontece em Arapiraca, no Agreste de Alagoas, e revela um drama silencioso: um homem de 48 anos, com transtornos psiquiátricos graves e dependência de drogas, é mantido acorrentado no próprio quarto pela família, que luta para conter surtos de agressividade sem apoio do Estado.

A cena é chocante. Dentro de um quarto escuro e degradado, com paredes sujas e o chão tomado por roupas velhas, restos de objetos e poeira, o homem aparece sentado sobre um móvel de madeira. Ele está cabisbaixo, de braços cruzados, usando bermuda jeans e camiseta simples. No pé direito, uma corrente com cadeado o mantém preso, impedindo qualquer tentativa de sair dali.

Segundo relatos da irmã, identificada apenas como Josivânia, não havia outra alternativa. “Se soltar, ele vai para a rua, usa droga, volta agressivo. Minha mãe é idosa, acamada, e eu não consigo lidar sozinha. Não quero ver ele assim, mas não tenho escolha. O Estado não ajuda”, lamenta, a moradora do bairro Zélia Barbosa.

O episódio expõe um drama que se repete em muitas casas brasileiras: famílias obrigadas a improvisar soluções dolorosas diante da ausência de políticas públicas eficientes em saúde mental e assistência social.

Embora existam Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), especialistas apontam falta de vagas, de acompanhamento contínuo e de leitos para internações em situações críticas. “Essa família não pode ser criminalizada sozinha. Acorrentar alguém é degradante, mas também é resultado de abandono estrutural”, analisou um profissional de saúde mental ouvido pela reportagem.

Manter uma pessoa presa por correntes é considerado uma violação de direitos humanos, configurando privação ilegal de liberdade em condições degradantes. No entanto, no contexto de desespero, a prática surge como uma tentativa de proteção tanto para o paciente quanto para a família.

O dilema sem resposta

Enquanto o poder público não assume seu papel, dramas como esse continuam se repetindo. A pergunta — “o que fazer?” — segue sem resposta simples. O caminho apontado por especialistas passa por:

Sem essas medidas, casos como o de Arapiraca continuarão a ecoar como símbolos de abandono, violência silenciosa e dor compartilhada.

E-mail: portaltodosegundo@hotmail.com
Telefone: 3420-1621

Todo Segundo - O maior portal de notícias do Agreste e Sertão de Alagoas.. ©2025. Todos os direitos reservados.