Os novos dados divulgados na sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam um cenário preocupante para o Nordeste e, especialmente, para Alagoas. O estado aparece entre os que registraram maiores índices de insegurança alimentar do país em 2024, com 35% dos domicílios enfrentando dificuldades no acesso regular a alimentos.
Os números fazem parte do módulo Segurança Alimentar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, e apontam que as regiões Norte e Nordeste continuam liderando as estatísticas da fome no Brasil.
De acordo com o levantamento, o Norte teve 37,7% dos lares em insegurança alimentar, seguido do Nordeste, com 34,8%. A disparidade regional é evidente: no Sul do país, por exemplo, apenas 13,5% das famílias estão na mesma condição — uma taxa quase três vezes menor do que a registrada no Norte.
Alagoas entre os piores índices
No ranking nacional, Alagoas ocupa uma das posições mais críticas, ao lado de estados como Bahia (37,8%), Pernambuco (35,3%), Maranhão (35,2%) e Sergipe (35%). A realidade reforça a persistência das desigualdades regionais e o impacto direto da pobreza sobre o direito à alimentação.
A analista do IBGE Maria Lucia Vieira explica que a insegurança alimentar é resultado de múltiplos fatores, como renda, estrutura familiar e desigualdade de acesso a alimentos de qualidade.
“Esses dados vão um pouco contra a nossa intuição de que na área rural as pessoas plantam seus alimentos, portanto a insegurança alimentar ali seria menor. Entretanto, parte dos domicílios rurais têm rendimento per capita menor e maior presença de crianças, o que agrava a situação”, pontuou.
Ainda segundo o IBGE, proporcionalmente, o problema atinge 31,3% dos domicílios rurais, contra 23,2% nas áreas urbanas, revelando que a fome no campo é ainda mais intensa.
Um retrato da desigualdade
Em números absolutos, o Nordeste concentra 7,2 milhões de domicílios em situação de insegurança alimentar — o maior volume entre as regiões brasileiras. O Sudeste vem em seguida, com 6,6 milhões, embora sua taxa proporcional seja menor.
O levantamento evidencia que, apesar de avanços pontuais em políticas públicas nos últimos anos, o acesso à alimentação adequada ainda é um desafio estrutural em Alagoas. A persistência da pobreza, o desemprego e a falta de políticas sustentáveis de geração de renda continuam empurrando milhares de famílias para a vulnerabilidade.
Impacto negativo para Alagoas
Os dados reforçam que Alagoas permanece entre os estados mais afetados pela insegurança alimentar, mesmo após sucessivos programas de combate à fome. O cenário preocupa especialistas, que alertam para o risco de agravamento caso não haja investimentos consistentes em políticas sociais e na economia local.
A situação alagoana reflete um problema estrutural e persistente, que vai além da falta de alimentos: trata-se de falta de renda, de acesso e de oportunidades. Enquanto outras regiões avançam, o estado segue enfrentando um quadro que compromete o desenvolvimento social e o bem-estar de milhares de famílias.
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