Ex-aluna da Escola Municipal Djalma Mateus Santana e integrante do Grupo de Estudos Tereza de Benguela, a jovem arapiraquense Myllena Kevany, de 16 anos, produziu um poema em cordel para destacar a luta das mulheres negras na história da humanidade.
Com o título “Mulheres na História, o cordel de Myllena Kevany cita ícones da luta feminina como a vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros em 2018, no Rio de Janeiro, além da cientista Sônia Guimarães, a primeira mulher negra brasileira doutora em Física e primeira mulher negra brasileira a lecionar no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), e Dandara de Palmares, esposa de Zumbi e uma guerreira negra do período colonial do Brasil.
O poema da aluna será publicado em breve na Antologia arapiraquense. A jovem estudante faz parte do Grupo de Estudos Tereza de Benguela, que desde o ano de 2018 vem estimulando a produção de pinturas artísticas, música e artesanato afro como forma de elevar a autoestima e fomentar o protagonismo de meninas negras na sociedade local.
As principais personagens desse trabalho são garotas na faixa etária entre 14 a 18 anos de idade, que conheceram as atividades do grupo, iniciado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Djalma Mateus Santana, localizada no bairro Primavera, um dos mais populosos da cidade e com muitos problemas sociais e econômicos.
Após três anos de criação, o grupo de estudos ampliou a atuação devido à inserção das alunas em várias escolas de ensino médio do município de Arapiraca.
A coordenadora do grupo é a professora da rede municipal de ensino Ana Karlla Messias, atualmente gerente do Núcleo de Formação de Professores da Secretaria Municipal de Educação (Smed).
A experiência com o grupo de estudos tornou-se tema de pesquisa e dissertação da professora, que está finalizando o mestrado na Universidade Federal de Sergipe, a professora produziu uma cartilha afro feminista de ensino de História, para que outros professores tenham iniciativas semelhantes.
Ela conta que as próprias alunas batizaram o grupo em homenagem a Tereza de Benguela, que foi uma líder negra quilombola no estado do Mato Grosso no século 18.
Sob sua liderança, a comunidade negra resistiu à escravidão por duas décadas até sua prisão e morte.
Veja na íntegra o poema em cordel, produzido pela estudante Myllena Kevany:
Mulheres na História:
Quero ser a flor da resistência,
A que nasce do asfalto.
Quero ser Marielle,
E ela deixou sementes, eu ressalto.
A silenciaram com tiros,
Mas as flores falam cada vez mais alto.
Quero ser Sonia Guimarães,
E não ter minha inteligência questionada.
Quero fazer o que quiser,
E não ser subjugada.
Quero poder fazer minhas escolhas,
E por elas não ser discriminada.
Tenho o meu lugar,
E como Rosa Parks, eu não vou ceder.
Quero ter mais espaço,
E nele vou permanecer.
Luto pelos meus direitos,
E a ninguém vou me submeter.
Quero ter a resistência de Tereza,
De Dandara, a sua bravura.
Rainhas que lideraram,
Mesmo os outros dizendo que é loucura.
Quero ser forte como elas
E mover toda a estrutura.
Quero chegar no espaço,
Assim como Mae Jamison chegou.
Quero conquistar a literatura,
Como Carolina de Jesus conquistou.
Quero contribuir na história,
Sendo quem realmente sou.
Vou me movimentar como Ângela Davis,
E mover comigo a sociedade.
Quero o que de mim foi tirado,
Quero de volta minha liberdade.
Liberdade pra minha cor,
Quero respeito e equidade.
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