Apesar de Alagoas ter apresentado o menor índice de famílias endividadas em abril de 2024, com 63,8%, ficou como o 17º estado com mais famílias com dívidas em em atraso (28,70%) e o 12º estado com mais famílias sem condições de pagar suas dívidas (10,80%). A constatação é da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pelo Instituto Fecomércio AL, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
No comparativo anual, houve redução de 0,8 p.p. no endividamento das famílias, saindo de 64,60% em abril de 2023 para 63,80% no mesmo período deste ano. Na análise do economista Francisco Rosário a convite do Instituto Fecomércio AL, dois fatores podem ter contribuído para este cenário. “Provavelmente, parte desse feito se deve de um lado ao aumento real da massa salarial entre 2023 e 2024 (OSAKABE, 2024) e, por outro lado, do impacto do programa de redução de endividamento DESENROLA BR”, afirma.
Dentre as famílias com dívidas (63,8%), destaque para o indicador “muito endividadas”, que apresenta um percentual médio de 17,6% para o total das famílias, sendo que a população com renda menor que 10 sm a que mais enfrenta esta situação (18,2%).
“Por outro lado, o percentual de 36,2% dos entrevistados não possui dívidas, logo, existe ainda possibilidade do crédito aumentar com a possível redução da taxa de juros ao longo de 2024”, explica o economista.
Analisando-se os últimos cinco meses, dezembro de 2023 a abril de 2024, houve crescimento contínuo no volume de endividados, saindo de 60,9% naquele mês para os 63,8% de abril, o que pode de sem explicado pela perspectiva de redução de juros, pelas compras de fim de ano e pelas despesas rotineiras do início de ano (impostos, férias, volta às aulas), fazendo com que as famílias alagoanas voltassem a se endividar, porém, ainda em patamares menores que no ano anterior.
“Mas o mais preocupante é o aumento percentual das famílias com dívidas em atraso, o que pode impactar em um possível aumento da inadimplência”, assevera Francisco ao analisar nestes cinco meses que este indicador cresceu 6,2 p.p. (22,4 em dez.23 a 28,6 em abr/24).
Entre as famílias endividadas, 97,3% estão com dívidas no cartão de crédito. E, junto ao cartão, também devem parcelas de carnês (19,40%), financiamento de carro e casa (3,24%) e crédito pessoal (1.43%). As demais dívidas, dos 63,8% das famílias alagoanas endividadas, somam menos de um porcento desse total (0,96%).
Considerando que o cartão de crédito e o cheque especial são os tipos de empréstimos com a taxa de juros mais caros no Brasil, 412,5% a.a. e 127,6% a.a., respectivamente (MARTELO, 2024; ISTOÉ DINHEIRO, 2024), será preciso cautela pois “dado à alta taxa de juros desse tipo de dívida, o risco dessas famílias ficarem inadimplentes por incapacidade de renda para pagar é bastante alta. Por outro lado, esse volume de dívida pode significar, na verdade, a consolidação do uso do cartão de crédito como forma de pagamento parcelado em substituição do carnê ou outro tipo de financiamento”, explica.
Ainda de acordo com o levantamento do Instituto Fecomércio AL, as famílias alagoanas ficam, em média, com as dívidas atrasadas por 66 dias e comprometem o orçamento durante 32 semanas.
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