Os dados populacionais do Censo 2022 foram divulgados e com eles a surpresa de muitos municípios apresentarem menos habitantes do que projetavam as estimativas anteriores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Somente no Nordeste, mais de 76% dos municípios contabilizaram uma população menor que a estimativa de 2021.
De acordo com os dados analisados pela Agencia Tatu, dos 1.794 municípios do Nordeste, 1.369 tiveram uma redução em sua população em relação aos dados da estimativa populacional de 2021. Nesse cenário de redução, os municípios de Catarina, no Ceará; Salgadinho, em Pernambuco; e Campo Alegre, em Alagoas, são as localidades mais impactadas pela redução populacional.
Por outro lado, 494 tiveram um número maior que o projetado anteriormente. Severiano Melo, no Rio Grande do Norte; Maetinga, na Bahia; e Satuba, em Alagoas, se destacaram por apresentar um crescimento positivo na sua população.
Os resultados também apontaram que apenas um município manteve sua população estável: Vila Nova do Piauí, no Piauí, que se continuou com 2.935 habitantes.
Censo 2022 x Censo 2010 no Nordeste
Já quando a comparação é entre o Censo de 2010 e o de 2022, pouco mais da metade dos municípios do Nordeste apresentaram um aumento populacional. Ao total, 909 (50,67%) tiveram um crescimento ao longo dos últimos 12 anos. Em contrapartida, 884 (49,28%) reduziram e apenas um se manteve estável.
O aumento da população da região Nordeste também foi pequeno: apenas 0,24% desde o Censo de 2010. Confira a situação em cada um dos estados da região a seguir.
A própria tomada de decisão das pessoas e suas famílias estão entre as possíveis causas para a diferença entre os números, como explica Alcimar Enéas Rocha Trancoso, superintendente substituto do IBGE em Alagoas.
“Desde a escolha pessoal de morar ou permanecer neste ou naquele lugar, às questões socioeconômicas como emprego, melhores salários, estrutura social do lugar no que se refere ao atendimento educacional, de saúde e segurança pública, por exemplo. Questões que se relacionam, numa certa medida, com as decisões e escolhas dos gestores públicos ao longo de um período”.
Mas não é só isso. Outro fator que pode ter impactado foi a falta de uma contagem populacional em 2015, cancelada após corte no orçamento, feito pelo Governo Federal na época. “Fazer as comparações de crescimento ou decrescimento populacional utilizando como parâmetro as Estimativas de População deve ser algo executado com parcimônia, especialmente considerando que não houve a contagem populacional em 2015, pesquisa censitária que serve justamente para, com dados empíricos, calibrar os cálculos estatísticos da estimativa”, reforçou Trancoso.
Como são calculadas as estimativas populacionais?
Ainda segundo o superintendente, o modelo adotado para calcular as estimativas populacionais é baseado em uma metodologia desenvolvida pelos demógrafos Madeira e Simões, que leva em consideração a tendência de crescimento populacional do município, entre dois censos demográficos consecutivos, em relação à tendência de crescimento de uma área geográfica maior, que é subdividida em áreas menores.
Qual impacto para os municípios?
A redução ou aumento populacional influencia diretamente na demanda por serviços e estrutura pública, como moradias, saúde e educação. Outro fator que é impactado é a própria capacidade de arrecadação dos municípios, seja referente aos impostos ou pela parcela do Fundo de Participação Municipal (FPM). Neste último caso, o Tribunal de Contas da União adota como critérios para a distribuição dos recursos o número de habitantes.
IBGE reforça controle de qualidade do Censo
Ainda em resposta à reportagem, o superintendente Alcimar Trancoso ressalta a qualidade da pesquisa e os avanços obtidos nos últimos anos em ferramentas e tecnologias, além de afirmar que não há razão técnica ou operacional para fazer qualquer tipo de revisão, mas afirma que uma Contagem Populacional antecedendo o próximo Censo demográfico deve ser garantida.
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