Pesquisa divulgada pelo IBGE revela que 54,3% dos escolares alagoanos entre 13 e 17 anos relataram ter experimentado bebida alcoólica alguma vez na vida no período pré-pandemia, correspondendo a um resultado abaixo das médias para o Nordeste (56,5%) e Brasil (63,3%). Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2019 e foram disponibilizados nesta sexta-feira (10).
Em Alagoas, a amostra da pesquisa coletou 4.824 questionários válidos em escolas públicas ou privadas no ano de 2019, contemplando 145 escolas e 198 turmas em um universo de 6.018 alunos matriculados, dos quais 5.719 eram frequentes. Os estudantes precisavam ter entre 13 e 17 anos.
Para o gerente da pesquisa, Marco Andreazzi, o uso de bebidas alcoólicas na adolescência está relacionado a problemas de saúde posteriores e aumenta as chances de consumo abusivo na idade adulta. “Os efeitos secundários incluem problemas renais, hepáticos, cardíacos e de desenvolvimento cerebral. São efeitos muitos diversos e, quanto mais precoce for esse uso, maior o risco de doenças crônicas degenerativas que ocorrem em função desse uso prolongado”, diz.
Entre os estudantes alagoanos que experimentaram bebidas alcoólicas, 42,3% disseram ter tido episódios de embriaguez. Esse percentual foi maior entre os estudantes de escolas da rede privada (44,3%) do que entre os da rede pública (41,8%), ao contrário do observado para a média nacional. Além disso, 16,3% relataram a ocorrência de problemas em consequência de terem bebido, entre eles estão o conflito com a família ou amigos, a perda de aulas ou brigas.
De acordo com o pesquisador, o consumo abusivo, também levantado pela pesquisa, está diretamente ligado aos episódios de embriaguez relatados pelos estudantes. O uso foi considerado abusivo quando, em uma única ocasião, passava de cinco doses para os meninos e quatro para as meninas. A dose é equivalente a um copo de chope, uma lata de cerveja, uma taça de vinho, uma dose de cachaça ou de uísque.
Entre os adolescentes alagoanos de 13 a 17 anos, 6,7% relataram ter consumido quatro doses ou mais em um mesmo dia. Nesse indicador, o Sul (12%) e o Centro-Oeste (11,1%) ficaram acima da média nacional. Já Norte (7,0%) e Nordeste (7,8%) apresentaram os menores percentuais. Em Alagoas, 5% dos estudantes dessa faixa etária disseram ter bebido cinco doses ou mais em um dia.
“São dois aspectos diferentes do mesmo problema: um é a frequência de consumo, em que podem ser tomadas medidas no sentido de controlar, de dificultar o consumo do álcool pelos adolescentes; o outro é o consumo abusivo, que tem efeitos mais agudos e ainda mais danosos”, explica Andreazzi.
Entre as questões levantadas também estava o uso de bebidas alcoólicas pelos pais dos adolescentes. Quase metade dos escolares de 13 a 17 anos (49,7%) respondeu que o pai, a mãe ou ambos consumiam esse tipo de produto, sendo os percentuais maiores no Sul (62,4%), no Centro-Oeste (61,9%) e no Sudeste (61,5%).
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