Divulgação74,4% das crianças com menos de 4 anos não têm acesso a creche no paÃs Todo SegundoDo Correio Braziliense
As barreiras que a população enfrenta para conseguir cuidar adequadamente das crianças pequenas foram transformadas no estudo inédito Aspectos dos Cuidados das Crianças de menos de 4 anos de idade. O levantamento, que integra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015, do IBGE, aponta que a procura por creche é uma das principais demandas dos responsáveis por esses pequenos.
De acordo estimativa da Pnad 2015, há cerca de 10,3 milhões de crianças com menos de quatro anos no país, o que representa 5,1% do total da população. Desse total, 25,6%, ou seja 2,6 milhões, eram matriculadas em creche ou escola. A maior parte, entretanto, 74,4% – 7,7 milhões -, não era matriculada. Desse contingente de crianças de menos de quatro anos de idade não matriculadas em creche ou escola, os responsáveis por elas demonstravam interesse em fazê-lo em 61,8%, dos casos.
O levantamento de 45 páginas pesquisou 356.904 pessoas e 151.189 unidades domiciliares de todas as unidades da Federação, sendo que desse público, 18.291 era composto por crianças com menos de quatro anos. No Distrito Federal, foram visitados 3.663 residências, que englobavam 9.041 pessoas. Das crianças com menos de quatro anos do DF, 81,5% permaneciam de segunda a sexta-feira no mesmo local e com a mesma pessoa. No Centro-Oeste 13,1% das crianças pesquisadas iam à creche em 2015.
No Distrito Federal, 73,8% dos responsáveis questionados que ainda não estavam sendo atendidos por uma creche tinham interesse em matricular a criança. Desses, 42% tomaram alguma medida para conseguir a vaga. Os dados dessa pesquisa, são de “extrema importância para o desenho e a implantação de políticas de desenvolvimento social mais efetivas na área”, frisa o documento.
Renda per capitaA pesquisa aponta ainda que em 73,9% dos domicílios onde há crianças da faixa etária pesquisada, a renda per capita é de menos de um salário-mínimo, que 48,4% são cuidadas por pessoas com idade entre 18 a 29 anos, que 52,2% dos responsáveis tem 11 anos ou mais de estudo. Em todas as grandes regiões do país, o percentual de crianças que tinham homens ocupados como primeira pessoa responsável era maior que o de crianças que tinham mulheres nessa condição.
Do total, 84,4%, ou 8,7 milhões de crianças com menos de quatro anos, normalmente permaneciam, de segunda a sexta-feira, de manhã e de tarde, no mesmo local e com a mesma pessoa. Apenas 1,4 milhão de crianças de menos de quatro anos de idade,16,6%, permanecia sob os cuidados oferecidos em creche ou escola no período da manhã e da tarde.
A renda per capita também é menor nos domicílios com crianças do segmento pesquisado. Enquanto as classes correspondentes a menos de um salário-mínimo concentravam 40,9% dos domicílios em que não moravam crianças dessa faixa etária, naqueles em que elas habitavam essa proporção era de 73,9%. A partir de um salário-mínimo, a relação se inverte, com os domicílios sem moradores de menos de 4 anos.
O rendimento médio mensal domiciliar per capita dos domicílios em que havia crianças dessa faixa etária era de R$ 715, ou 53,% do valor daqueles em que não havia esses moradores, R$ 1.348; na Região Nordeste, essa proporção baixava para 51,7%; e na Sul, por outro lado, se elevava a 57,0%. “O menor percentual observado no Nordeste pode ser explicado, não só pelo fato de essa região já apresentar baixos rendimentos em relação à média nacional, como também por registrar participação maior de crianças desse grupo etário na composição de sua população residente”, destaca o relatório da pesquisa.
Com relação aos anos de estudo, o menor valor ficou entre os responsáveis do grupo sem instrução e menos de quatro anos de estudo, 7,5% e o maior entre aqueles com 11 anos ou mais de estudo, 52,2%. “Essa distribuição é semelhante à observada para a população em geral, acima de 15 anos, isto é: predomínio entre as pessoas com 11 anos ou mais de estudo e menor incidência entre aquelas do grupo sem instrução e menos de quatro anos de estudo”, destaca a pesquisa.
Interesse por crechesOs dados da pesquisa mostraram que, em 2015, das 10,3 milhões de crianças de menos de 4 anos de idade no país, 84,4% – 8,7 milhões – normalmente permaneciam, de segunda a sexta-feira, de manhã e de tarde, no mesmo local e com a mesma pessoa.
Verificou-se que, quanto menores as crianças, menos de um ano, além de permanecerem, de segunda a sexta-feira, de manhã e de tarde, no mesmo local e com a mesma pessoa, esse local era, principalmente, o domicílio em que residiam. A pesquisa também investigou que o motivo alegado para a criança permanecer durante todo o dia em determinado local era o fato de que esse ambiente escolhido oferecia as melhores condições de cuidados, alimentação, afeto e segurança para a criança, 76,7%.
Em 2015, das 10,3 milhões de crianças de menos de quatro anos de idade investigadas na pesquisa, 25,6% – 2,6 milhões – eram matriculadas em creche ou escola. A maior parte, entretanto, 74,4% – 7,7 milhões – , não era matriculada, isto é, não frequentava tal estabelecimento, nem de manhã, nem a tarde. Desse contingente de crianças não matriculadas em creche ou escola, os responsáveis por elas demonstravam interesse em fazê-lo em 61,8% dos casos. Com exceção da Região Norte, onde essa proporção foi de 58,2%, nas demais regiões, essa estimativa ficou em torno 62,0%.
O interesse do responsável em matricular as crianças crescia com o aumento da idade, atingindo os maiores percentuais entre as crianças de 3 anos de idade. Para aquelas na faixa etária de dois anos (75,7%) e três anos (82,8%), a Região Nordeste, dentre todas as Grandes Regiões, apresentou as maiores proporção de crianças cujo responsável tinha interesse em realizar matrícula em creche ou escola.
Antes deste levantamento, o Pnad coletava informações sobre crianças, mas apenas abordava apenas aspectos do trabalho infantil, para crianças entre 5 e 9 anos, e da frequência à escola ou creche, a partir dos 4 anos. Pela primeira vez foram investigados aspectos diferentes a respeito do público-alvo. O estudo procurou identificar questões além da frequência à escola ou creche, como local e com quem a criança fica durante o dia; as redes de proteção e cuidados destas crianças; se há diferenças na organização dos cuidados conforme a idade da criança e do responsável; se há diferenças na organização dos cuidados conforme a inclusão do responsável pela criança no mercado de trabalho; o interesse por vaga em creche das famílias que possuem crianças com menos de 4 anos de idade e as dificuldades encontradas para acessar este serviço.
Além, da pesquisa sobre a primeira infância, a Pnad 2015 realizou mais duas investigações. Foram aspectos das Relações de Trabalho e Sindicalização, e Prática de Esportes e Atividade Física. Esses dois suplementos ainda serão divulgados.