Aliados do presidente Jair Bolsonaro têm pressionado para que o PL, legenda à qual é filiado, anuncie oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tomará posse em 1º de janeiro de 2023. Membros da sigla disseram que a posição será marcada nesta terça-feira (8), na coletiva de imprensa convocada pelo comandante da sigla, Valdemar Costa Neto, em Brasília.
"Não tem como misturar a luz com as trevas. O nosso papel, a partir de agora, é não deixar o presidiário [em referência ao presidente eleito Lula] repetir os roubos", afirmou ao R7 o deputado federal Giovani Cherini (PL-RS). "O povo me escolheu para ser oposição. Não tem como ser diferente disso", completou.
Sob a condição de anonimato, outro aliado de Bolsonaro disse que a eventual oposição ao governo Lula é vista com ressalvas, já que há membros na legenda mais ligados ao "centrão", que tradicionalmente é situação, independentemente de quem comande o Palácio do Planalto.
"O PL fez 99 deputados federais na última eleição. Desses, 45 são bolsonaristas e os outros 54 mais ligados ao 'centrão'. Dessa forma, não há uma ação em conjunta e, sim, dividida. Até porque tem nomes que são conhecidos pelo pragmatismo", disse o parlamentar à reportagem.
Nas eleições 2022, o PL fez a maior bancada na Câmara dos Deputados. Entre os nomes estão Carla Zambelli (SP), Bia Kicis (DF) e Nikolas Ferreira (MG). No Senado Federal, a legenda elegeu 13 membros. O PT é a segunda, com 80 deputados eleitos, inclusos os da federação formada com PCdoB e PV.
De acordo com a Câmara dos Deputados, saíram das urnas deputados de 30 partidos diferentes em 2018. Após as eleições de 2022, o número reduziu para 19 legendas com representação na casa. Para a terceira gestão de Lula à frente do Palácio do Planalto, o PT articula uma base aliada no Congresso Nacional que incluiria siglas de centro, como União Brasil, PSD, MDB, PSDB e Cidadania.
No dia da coletiva convocada por Valdemar, Lula vem a Brasília pela primeira vez desde que foi eleito presidente da República. A ideia é se reunir com demais aliados e chefes de outros poderes, como o do Senado e do Supremo Tribunal Federal. Além disso, o petista vai discutir detalhes da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição para cumprir as promessas feitas durante a campanha eleitoral.
Cargo
Na coletiva de imprensa, a expectativa é de que Valdemar anuncie, ainda, o futuro político de Bolsonaro, o primeiro presidente que não conquistou a reeleição na democracia brasileira. Bolsonaro perdeu o pleito pela menor diferença da história presidencial: 50,9% a 49,1%. A ideia é que o atual chefe do Executivo tenha um cargo no partido, como o de presidente de honra.
De acordo com o Portal da Transparência do Governo Federal, Bolsonaro recebe atualmente mais de R$ 40 mil brutos mensalmente — desses, R$ 30.934,70 são referentes ao salário como presidente da República e R$ 11.945,49 de aposentadoria como capitão reformado do Exército. Não há valor definido sobre o novo cargo e a origem dos recursos.
Após deixar a Presidência, Bolsonaro ainda terá direito a diversos benefícios, previstos no decreto 6.381/2008. Pela legislação, o futuro ex-presidente poderá ter quatro servidores para atividades de segurança e apoio pessoal, dois veículos oficiais com os respectivos motoristas e dois servidores ocupantes de cargos em comissão do grupo Direção e Assessoramento Superiores Nível 5.
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