A Americanas divulgou nesta quinta-feira (16) o balanço financeiro da companhia de 2022. O prejuízo financeiro acumulado no último ano foi de R$ 12,9 bilhões. A companhia justificou que os números negativos são resultados de um fraco desempenho operacional e elevada despesa financeira.
A empresa também terminou o período com um patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões e dívida líquida real de R$ 26,3 bilhões. Além de um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) negativo de R$ 6,2 bilhões, segundo as demonstrações financeiras auditadas e enviadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Por sua vez, a receita líquida consolidada atingiu a marca de R$ 25,8 bilhões. No total, o resultado financeiro consolidado em 2022 foi negativo, de R$ 5,2 bilhões.
Vale lembrar que em 2021, a empresa havia supostamente registrado o maior lucro da história, de R$ 731 milhões. Porém, fraudes foram encontradas nos números financeiros anteriores da empresa.
Esses são os primeiros números financeiros anuais da empresa desde que a Americanas entregou seu plano de recuperação judicial, em março, à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro (relembre mais abaixo).
Expectativas futuras - Para o futuro, a Americanas acredita que até dezembro de 2025, o patrimônio líquido da empresa ficará no positivo e a dívida financeira bruta será por volta de R$ 1,5 bilhão.
A empresa também espera que haja um crescimento nas vendas e rentabilidade de clientes pela Ame (empresa de funciona como uma carteira digital para pagamentos na Americanas e outras varejistas).
O g1 entrou em contato com a empresa para entender como funcionará a relação com a Ame nos próximos anos, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
A companhia destaca, no entanto, que as expectativas dependem de fatores alheios à vontade da Americanas, "tais como condições de mercado, desempenho da economia brasileira, do setor e dos mercados internacionais".
Recuperação judicial - A Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial nesta em janeiro de 2023, na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. À época, as dívidas da empresa somavam R$ 43 bilhões, entre aproximadamente 16,3 mil credores.
"Será uma recuperação judicial bem complexa. Além das margens, que são extremamente baixas para a companhia, outro ponto de bastante atenção é a 'qualidade' dos credores", disse a empresa no começo deste ano — A quantia em caixa, segundo a varejista, era de R$ 800 milhões.
O plano da varejista foi apresentado no limite do prazo estabelecido pela Justiça e inclui aporte de R$ 10 bilhões, além de vendas de ativos, leilão reverso e conversão de dívidas em ações. Entre os bens a serem vendidos estão aeronave avaliada em mais de R$ 40 milhões e uma rede de hortifruti.
O aporte bilionário, diz o documento, será feito pelo trio de acionistas de referência da empresa: Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira.
O plano aprovado pelo Conselho de Administração da Companhia estabelece medidas para que a Americanas supere os problemas financeiros e continue suas atividades.
"A Americanas segue focada em busca de um consenso para a aprovação do Plano de Recuperação Judicial, com avanço significativo nas negociações após o anúncio da capitalização de R$ 12 bilhões por parte dos acionistas de referência", informou a empresa em nota.
"O plano [de recuperação], que já está em curso, promove maior assertividade nos produtos para revenda, assim como novos modelos de precificação e modulação de sortimento para ampliar as vendas no canal físico e a margem bruta da Companhia. Outros pilares importantes são a renovação das lojas físicas, a otimização dos custos de ocupação e revisão de processos para oferecer excelência na jornada dos consumidores. Além disso, a plataforma digital da Americanas terá também foco no marketplace", disse a Americanas também.
Desde janeiro, as ações da companhia caíram 91,14%. O que antes era R$ 9,03, passou a custar cerca de R$ 0,80 (valor dos papéis no pregão de terça).
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