DivulgaçãoCollor diz que Dilma "renegou sua experiência" Todo SegundoDa Band.comEm discurso aguardado pelos colegas parlamentaristas, o presidente impeachado e atual senador Fernando Collor (PTC-AL) relembrou o processo de impedimento que sofreu em 1992 e disse ter alertado Dilma Rousseff ao perceber que ela estava indo pelo mesmo caminho.
“Não foi por falta de aviso”, declarou o ex-presidente, que renunciou uma dia antes de seu julgamento, mas, como a renúncia foi considerada tardia pelo Congresso na ocasião, seu impeachment foi validado. “[Falei para Dilma] pedir desculpas por tudo o que disse na campanha e que foi desmentido em seus atos nos primeiros meses do atual mandato. Alertei sobre a possibilidade de impeachment, mas não me escutaram, desconsideraram minhas considerações, renegaram a minha experiência.”
Collor chegou a reclamar das diferenças entre o seu processo e o atual trâmite da petista, afirmando que o rito é o mesmo, mas o “ritmo e o rigor” não. “Em 92, em processo análogo, bastaram menos de quatro meses entre a representação da denúncia até minha decisão de renunciar no último dia de julgamento”, lembrou. “No atual processo, já se foram mais de oito meses e talvez venham mais seis meses.”
O senador fez questão ainda de destacar que seu relatório teve apenas dois parágrafos em meia página, enquanto o de Dilma são 128 páginas.
Pedindo desculpas por voltar no tempo, Collor enfatizou que seu processo foi instaurado na suposição de acusações que não eram verdadeiras e que, “mesmo sem a garantia de defesa em todas as fases, fui absolvido dois anos depois; mesmo assim, perdi o meu mandato e não recebi qualquer tipo de reparação.”
Por fim, o congressista atacou Dilma ao afirmar que crime de responsabilidade – pelo qual a mandatária é acusada – figura na “irresponsabilidade com o país, seja por incompetência, negligencia ou má fé.”
Collor ainda criticou o sistema presidencialista e pediu uma nova política. “Não há como sustentar um sistema contaminado em sua essencial, práticas e exemplos traumáticos”, afirmou. “Uma nova política precisa ser estabelecida independente do resultado de hoje. O atual processo de impeachment nada mais é do que a tentativa de, a partir do passado, aplainar o presente e decantar o futuro”, acrescentou em tom poético.