Paulo Pinto/Estadão ConteúdoCPI pede indiciamento de sobrinho de ministro do TCU e poupa filho de Lula Todo SegundoA relatora da CPI do Carf, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), poupou de indiciamento no seu relatório final, apresentado nesta quinta-feira, 26, políticos, como Gilberto Carvalho, e o filho do ex-presidente Lula, Luís Cláudio Lula da Silva.
O relatório, que será votado no dia 3 de dezembro, pede o indiciamento de 28 pessoas, entre assessores, representantes de empresas, servidores públicos e lobistas, por crimes como sonegação fiscal, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Ela afirma, no parecer, que cabe à Polícia e ao Ministério Público aprofundar as investigações da Operação Zelotes.
Grazziotin incluiu no relatório o nome de Carlos Juliano Nardes, sobrinho do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes, por suspeita de recebimento de recursos de propina pagos pela SGR e pela JRSilva, outras empresas investigadas no esquema.
Também estão entre os indiciados José Ricardo, ex-vice-presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), e o lobista Mauro Marcondes, advogado e sócio da empresa Mauro Marcondes, que defendia a Mitsubishi Motors Company (MMC).
Durante a leitura do relatório, Grazziotin apontou o caso MMC como o mais representativo das fraudes. A empresa teria sido favorecida em julgamento que fez despencar a dívida com o Fisco de R$ 266 milhões para R$ 960 mil. Marcondes também é acusado de negociar compra de Medida Provisória em 2009 e 2010, durante o governo Lula, para beneficiar montadoras da região Norte e Nordeste do Brasil.
No relatório, a senadora Vanessa Grazziotin também pede que sejam "aprofundadas" as investigações em relação ao possível envolvimento do ministro Augusto Nardes, que tem foro privilegiado e só pode ser investigado com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). O seria suspeito de ter recebido recursos de uma das empresas investigadas pela Operação Zelotes, por suspeita de envolvimento em fraudes fiscais junto ao Carf.
A CPI foi criada para investigar suposta manipulação em julgamentos do Carf para favorecer empresas investigadas por supostos crimes contra a Receita Federal. O esquema pode ter resultado em prejuízo de R$ 19 bilhões à Receita.