Fiscal de prova não é somente o indivíduo que fica na sala enquanto os alunos resolvem questões. É aquele profissional que se candidatou ao cargo com o propósito de colaborar para o andamento tranquilo de uma prova de concurso, vestibular ou mesmo o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
Parece fácil ser fiscal: basta se posicionar na frente de uma sala lotada de inscritos e esperar a magia acontecer. Porém, há muita responsabilidade envolvida nessa função.
Durante a realização de um exame como o Enem, por exemplo, uma série de etapas devem ser cumpridas para que o evento transcorra sem risco de confusão nem sobressaltos.
Cooperar para manter o ambiente organizado, receber os inscritos e conferir a documentação, ficar de olho nos alunos e dar suporte a dúvidas são algumas das tarefas a serem desempenhadas.
A professora de ciências Lilian Matos atua como fiscal de provas há cinco anos e conta que, para ela, “o mais difícil, ainda, é responder a certas dúvidas dos candidatos sem entregar a resposta”.
Ela considera que atenção e imparcialidade são características fundamentais para exercer bem a função. Tato e diplomacia também são necessários, mas não podem impedir o inevitável.
“Conversa e utilização de material não autorizado podem render advertências. Mas já retirei aluno de sala porque ‘peguei’ colando”, conta. Casos como esse não têm negociação: a prova é recolhida e o inscrito, desclassificado.
Secretária da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP), Daniela Ozella Fonseca tem 23 anos de experiência como fiscal de provas. “Tenho esse compromisso ao menos duas vezes por ano. Até hoje, minha maior dificuldade é ter que retirar o cartão de respostas do candidato por ter esgotado o tempo”, afirma.
Sobre as intervenções necessárias por má conduta, Daniela conta que interfere sempre que o inscrito tenta consultar material não permitido, como rascunhos e calculadoras, e também quando percebe tentativas de dar uma olhadinha na prova do colega.
Gentileza e sangue-frio
Mesmo nessas situações, “é preciso ser gentil, ter atenção e manter o foco. Mas considero fundamental que o fiscal tenha sangue-frio para cumprir as regras”, diz.
E saber lidar com o inesperado. Daniela conta que “uma vez, vi uma candidata chorando sobre a prova e perguntei se podia ajudar. Ela respondeu que não, o motivo da tristeza era simplesmente porque nada do que estudou tinha caído na prova”.
No mais, a profissional afirma que o trabalho é compensador. “É um momento importante na vida das pessoas, eu gosto muito de participar”.
Atividade remunerada
O valor pago pelas instituições varia bastante, depende muito do nível e do alcance geográfico do exame. Para o Enem de 2019, por exemplo, a diária dos fiscais ficou estabelecida em R$ 342.
A seleção é realizada via edital, publicado com alguns meses de antecedência, porém, isso também depende do perfil da instituição organizadora.
Mas o que mais um fiscal pode fazer num dia de prova? Muita coisa. Há várias funções que necessitam de profissionais numa ocasião dessa: coordenadores, assistentes, fiscal de volante ou de banheiro, apoio, entre outras.
Atividades que parecem tão comuns e corriqueiras, que raramente os alunos percebem. A menos que não haja ninguém para desempenhá-las.
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