DivulgaçãoDelatores da JBS devem ser transferidos para BrasÃlia amanhã Todo SegundoDo R7, com Estadão ConteúdoOs executivos Joesley Batista e Ricardo Saud, do grupo J&F, devem ser transferidos para Brasília na segunda-feira (11). Eles estão presos na Superintendência da Polícia Federal, em São Paulo, após o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin decretar a prisão temporária de ambos, a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República).
Em sua decisão, Fachin diz haver “indícios suficientes” de que os delatores omitiram informações no acordo delação premiada firmado com a PGR em maio. Segundo o magistrado, a entrega de informações, uma contrapartida da delação premiada, foi feita de forma "parcial e seletiva".
O ministro suspendeu todos os benefícios concedidos ao delatores que, assim, perdem momentaneamente a imunidade penal que tinham conquistado junto à PGR.
Joesley e Saud cumprem prisão temporária, com prazo inicial de cinco dias, o que poderá posteriormente ser estendido por igual período, ou convertida em prisão preventiva, quando não há prazo para acabar.
Entenda o casoO empresário Joesley Batista, um dos acionistas do frigorífico JBS e um dos maiores doadores de campanhas eleitorais no Brasil, fechou acordo de delação premiada com a PGR em maio, quando entregou aos investigadores da força-tarefa da Lava Jato o áudio de uma conversa entre ele e o presidente Michel Temer.
Em troca das informações, Joesley e outros executivos da J&F receberam o benefício da imunidade penal (não seriam presos).
Mas para o acordo continuar valendo, os delatores se comprometeram a entregar novos documentos que comprovassem as acusações feitas — entre elas, a de que a J&F teria feito doações a mais de 1.800 políticos.
Nos documentos entregues em 31 de agosto, havia um áudio, gravado em 17 de março deste ano, em que Saud e Joesley conversam sobre o ex-procurador da República Marcelo Miller, que na data ainda trabalhava no Ministério Público Federal — após se desligar do MPF, em abril, ele foi contratado pelo escritório de advocacia que cuidou do acordo de leniência da J&F (delação premiada das empresas).
Com a suspeita de que Miller teria aconselhado os executivos em meio às negociações de delação premiada, Janot anunciou na segunda-feira (4) a revisão dos acordos de Joesley, Saud e também do advogado Francisco de Assis e Silva, diretor jurídico da J&F. Na quinta e na sexta-feira, os três executivos prestaram esclarecimentos à PGR, além do ex-procurador Miller.
No sábado (9), a defesa dos delatores solicitou audiência com o ministro Fachin, antes de o magistrado decidir sobre a prisão, e colocou os passaportes dos executivos à disposição da Justiça, num esforço para demonstrar que os acusados não iriam fugir do País. O encontro com o ministro do STF acabou não acontecendo.