16/03/2015 23:00:51
Brasil
Dilma defende democracia e diz que vai ouvir as ruas
Presidente admite esgotamento de estratégia para economia e se emociona ao lembrar ditadura
Dida Sampaio / EstadãoDilma defende democracia e diz que vai ouvir as ruas
Todo SegundoUm dia depois de quase 2 milhões de pessoas irem às ruas do País para participar de manifestações contrárias ao governo, a presidente da República, Dilma Rousseff, afirmou nesta segunda-feira (16) que vai ouvir a mensagem dos protestos.

Dilma avisou que o governo vai anunciar em breve um pacote anticorrupção e reconheceu ainda que a estratégia de desenvolvimento econômico do País dos últimos anos "se esgotou".

— Na democracia, nós respeitamos as urnas que traduzem a vontade de toda a nossa nação. Respeitamos as ruas, um dos legítimos espaços de manifestação popular, pacífica e sem violência. Respeitamos e ouvimos com atenção todas as vozes de todos os partidos. Por isso, o governo sempre irá dialogar com as manifestações das ruas. Ouvir é a palavra, dialogar é a ação. O sentimento tem de ser humildade e firmeza.

A presidente lembrou ainda que "um dos temas presentes às manifestações de sexta-feira e de domingo foi o combate à corrupção e à impunidade".

— Temos, todos aqui, absoluta concordância com essa demanda popular e a clara determinação para tomar medidas que intensifiquem o combate a corrupção. Nos próximos dias anunciaremos um conjunto de medidas de combate à corrupção.

Dilma disse ainda que tem o objetivo de "governar para os 203 milhões de brasileiros", independentemente da escolha que fizeram nas urnas ou se participam das manifestações de rua.

Em seu pronunciamento, a presidente fez um paralelo entre as consequências da crise econômica mundial, iniciada em 2009, no Brasil e na Europa e comemorou os resultados. De acordo com a presidente, "nos países da Europa, esse processo levou ao desemprego de mais de 60 milhões de pessoas e também levou a uma ampla queda das oportunidades para todos".

— Desde o início da crise em 2009, portanto há seis anos, o governo vem conseguindo evitar que os efeitos mais graves e mais perversos da crise se abatam sobre nós. Estou falando aqui do desemprego e da redução dos direitos e da renda. [...] Nós, no combate a essa crise, utilizamos todas as armas, ampliamos as subvenções, aumentamos os subsídios e desoneramos impostos para evitar que a crise atingisse empresários, a classe média e os trabalhadores. Fizemos com recursos do orçamento da União e também numa expansão extraordinária do crédito.

Logo em seguida, porém, a petista admitiu que o modelo adotado pelo governo para estimular o crescimento da economia brasileira se esgotou.

— Agora, esse caminho nos níveis em que foi praticado, se esgotou e devemos iniciar um novo caminho para garantir o emprego e o crescimento econômico. Como não podemos continuar despendendo a quantidade de recursos que vínhamos despendendo, somos obrigados a fazer agora alguns ajustes e correções para continuar crescendo.

Redemocratização

A presidente encerrou a fala com uma homenagem aos 30 anos da redemocratização do País, cuja data foi lembrada no último domingo (15).

— Ao encerrar e lembrando os 30 anos da redemocratização, eu presto a minha homenagem a todos os que lutaram contra o regime de exceção e a todos que combateram em defesa da democracia. Meu tributo aos que contribuíram para o reestabelecimento das liberdades democráticas. Esse tributo esse tributo é amplo, não faço distinções.

Em seguida, com a voz embargada e visivelmente emocionada, Dilma destacou os vários brasileiros da geração dela que "deram a vida para que o povo pudesse enfim ir às ruas para se expressar".

— Eu, particularmente, participei e tenho a honra de ter participado do processo de resistência à ditadura. Como muitos outros brasileiros, sofremos as consequências da resistência para ver esse país livre da censura, da opressão e da interdição da liberdade de expressão. Nunca mais no Brasil nós vamos ver pessoas que ao manifestarem sua opinião, seja a quem quer que seja, inclusive à Presidência da República, possam sofrer quaisquer consequências. Nunca mais isso vai acontecer.

Do R7

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