11/03/2020 17:29:51
Brasil
Governo estuda FGTS como garantia em operações de cartões de crédito
Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica, disse que regulamentação pode reduzir juros cobrados nos cartões de crédito
Marcelo Camargo/Agência BrasilJuros médios do rotativo do cartão de crédito estavam em 316,8% ao ano em janeiro
Reuters

O governo estuda permitir que trabalhadores possam usar recursos de suas contas no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) como garantia em operações do cartão de crédito, o que teria o potencial de reduzir os juros cobrados nessa modalidade, afirmou o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, nesta quarta-feira (11).

Os juros médios do rotativo do cartão de crédito estavam em 316,8% ao ano em janeiro, de longe a modalidade mais cara do sistema financeiro, especialmente após o governo ter imposto um teto aos juros do cheque especial.

O rotativo é cobrado quando os clientes não pagam sua fatura na íntegra.

Em rápida fala a jornalistas após coletiva de imprensa, Sachsida não deu detalhes sobre a investida.

Ele disse que o Conselho Curador do FGTS deverá analisar neste mês a regulamentação do uso do saque aniversário do FGTS como garantia, abrindo um mercado novo de crédito.

Atualmente, 2,7 milhões de trabalhadores já aderiram ao saque aniversário do FGTS, sendo que o saldo de suas contas vinculadas é de 20 bilhões de reais. Pelas regras do saque aniversário, eles estão aptos à retirada de 3,7 bilhões de reais este ano.

Como a ideia é que a nova regulamentação permita aos bancos antecipar até três anos de saque aniversário, cerca de R$ 11,1 bilhões poderiam ser liberados pelas instituições financeiras, indicou Sachsida.

O saque aniversário foi criado no ano passado para permitir ao trabalhador sacar anualmente uma fração do seu fundo de garantia, no mês de seu aniversário.

Em contrapartida, quem adere à sistemática fica impedido de realizar o saque por rescisão do contrato de trabalho.

Quando anunciou a criação do saque aniversário, o governo já havia dito que seu plano era que os recursos das retiradas anuais pudessem ser utilizados como garantia para empréstimos pessoais, com potencial barateamento do custo de crédito. Mas a regulamentação para tanto ainda não foi feita.

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