Ricardo StuckertLula diz à PF que esquema de compra de MP é "coisa de bandido" Todo SegundoO ex-presidente Lula afirmou à Polícia Federal, em depoimento no inquérito da Operação Zelotes, que nunca recebeu lobistas enquanto presidente da República e classificou de “coisa de bandido” combinação com empresários para viabilizar normas de interesse do setor automobilístico. O petista foi intimado a depor no dia 6 de janeiro na ação que apura a compra de medidas provisórias em seu governo.
Lula foi questionado pela PF sobre arquivo encontrado no computador da empresa do lobista Mauro Marcondes Machado, preso sob acusação de operar o suposto esquema de compra de MPs, no qual estava registrado: “A MP foi combinada entre o pessoal da Fiat, o presidente Lula e o govenador Eduardo Campos (morto em 2014)”.
“Combinação nesse tipo é coisa de bandido”, reagiu o petista, acrescentando que não ocorreu a transação mencionada. Lula afirmou que participou de uma reunião, a pedido de Eduardo Campos, na qual o ex-governador levou o dirigente da Fiat na América Latina Cledorvino Belini. Segundo ele, no encontro, foram esclarecidos os benefícios da instalação da fábrica da montadora em Pernambuco.
De acordo com o jornal Estado de São Paulo, que teve acesso ao depoimento, Lula disse ainda que seu filho, Luís Cláudio Lula da Silva, alvo da operação, não o comunicou de que havia sido contratado por R$ 2,5 milhões por Marcondes.
Ao tentar defender o filho, Lula disse acreditar “que Luís Cláudio tenha procurado Mauro Marcondes para obter patrocínio para seu projeto na área de futebol americano” e que, ao que sabe, o filho foi contratado para estudos na área do esporte”.
Segundo transcrição da PF, o ex-presidente “fez questão de registrar” que não recebia lobistas e que “tanto ele quanto seus parentes jamais exerceram lobby ou consultoria empresarial”. O petista alegou que nunca obteve “benefício decorrente” dessa atividade.
“Afirmou ainda que mesmo após sua saída do cargo público nunca nem ele nem seus parentes realizaram atividade de lobby ou consultoria empresarial. Disse que fazia questão de informar que realiza conferências no Brasil e no exterior, sempre em defesa do interesse nacional, e que tomou como decisão de honra não interferir na gestão do novo governo”, registrou a PF.
Lula também teria feito questão de ressaltar que nem ele e nem o Instituto Lula têm qualquer tipo de relacionamento financeiro com a empresa do filho e nem receberam o pagamento de R$ 2,5 milhões da LFT Marketing Esportivo. Aos investigadores, sustentou nunca ter indicado “potenciais clientes ao seu filho, como também ele nunca lhe pediu”. Acrescentou ainda não saber dizer quando Mauro Marcondes e sua mulher, Cristina Mautoni, conheceram seu filho.
Do Diário do Poder