Eduardo Enomoto/R7Mais de 1,6 milhão de pessoas protestam contra governo em 160 cidades do PaÃs e exterior Todo SegundoCardozo afirmou que o governo está aberto ao diálogo com todos os setores da sociedade, inclusive a oposição, e que a presidente vai apresentar nos próximos dias medidas de combate à corrupção. Reiterou também a defesa do governo por uma reforma política "lastreada no ouvir da sociedade", que tenha como ponto principal o fim do financiamento empresarial de campanhas eleitorais e partidos políticos.
Durante o pronunciamento dos ministros, que foi transmitido pela TV, houve panelaço em diversas capitais, como Brasília, Rio e São Paulo, assim como ocorreu durante pronunciamento de Dilma na TV no último domingo (8).
Sempre que questionada sobre as manifestações populares, Dilma tem repetido que fazem parte da democracia. Em mensagem publicada no Facebook na tarde do sábado, a presidente disse valorizar o fato de que as pessoas podem se manifestar livremente. “Sou a favor da democracia. Espero que amanhã (domingo) o Brasil prove a sua maturidade democrática".
Pedidos de impeachmentAs manifestações deste domingo foram convocadas pelas redes sociais. A maioria dos grupos organizadores defende o impeachment da presidente, usando como argumentos uma suposta corrupção no governo do PT, o escândalo da Petrobras e os altos custos com impostos e tarifas, entre outras reclamações.
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que foi derrotado por Dilma nas eleições presidenciais de outubro passado, disse no Facebook que “esse 15 de março vai ficar lembrado para sempre como o Dia da Democracia".
"O dia em que os brasileiros se vestiram de verde e amarelo e foram para as ruas se reencontrar com as suas virtudes, com os seus valores, e também com os seus sonhos", escreveu Aécio, que decidiu não ir para as ruas neste domingo.
Em 2013, no dia de maior mobilização nas manifestações um pouco antes da Copa das Confederações, cerca de um milhão de pessoas foram às ruas de cidades do país. Naquela ocasião, os protestos começaram contra o reajuste das tarifas de transporte público e acabaram gerando uma pauta de reivindicações bastante difusa, passando por melhoria de oferta de educação e saúde pelo governo e combate à corrupção, entre outras demandas.
ApartidáriosO protesto contra o governo acontece dois dias após sindicatos de petroleiros e movimentos sociais realizarem manifestações a favor da Petrobras e da presidente Dilma, mas em escala bastante reduzida quando comparada ao movimento deste domingo.
Os organizadores dos protestos deste domingo afirmam que os movimentos não estão ligados a partidos políticos, mas legendas de oposição declararam adesão às manifestações.
O próprio Aécio convocou a militância tucana para ir às ruas protestar, ressalvando, porém, que o impeachment não faz parte da agenda do partido.
Cenário complicadoO governo de Dilma enfrenta um quadro de inflação cada vez mais alta, atividade econômica fraca, piora no mercado de trabalho e turbulência política com a base governista.
A esse cenário, soma-se o maior escândalo de corrupção da história do país envolvendo a Petrobras, ao qual estão ligados ex-funcionários, executivos de empreiteiras e políticos.
Pesquisa do instituto Datafolha em fevereiro mostrou que a avaliação ótima/boa da presidente despencou de 42 por cento em dezembro para 23 por cento em fevereiro, enquanto aqueles que a consideram ruim/péssima passaram de 24 por cento para 44 por cento.
Com as manifestações deste domingo, Dilma se junta a outros dois presidentes que enfrentaram protestos populares no período da redemocratização: Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso.
Collor acabou sofrendo o impeachment, enquanto Fernando Henrique reverteu em parte a baixa popularidade do início de seu segundo mandato, superando inclusive uma campanha com ampla participação de petistas que tinha o slogan "Fora FHC".
Do R7