DivulgaçãoMPF denuncia ex-ministro de Dilma e Lula à Justiça Todo SegundoDo R7, com Estadão ConteúdoO MPF (Ministério Público Federal) de São Paulo apresentou denúncia nesta segunda-feira (1º), no âmbito da Operação Custo Brasil, contra o ex-ministro Paulo Bernardo. Ele coordenou os ministérios do Planejamento durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e das Comunicações, no primeiro mandato do governo de Dilma Rousseff.
Outros 19 investigados também foram incluídos na denúncia, que será apreciada pela Justiça Federal de São Paulo. Caso a Justiça aceite a denúncia, aí então eles se tornarão réus.
Os procuradores consideraram que Bernardo era o "patrono" do esquema Consist — empresa de software que teria desviado R$ 102 milhões de empréstimos consignados entre 2009 e 2015. Ele é acusado de crimes como organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção por pagamento de propinas.
A denúncia diz que ele participava diretamente da operação que resultou nos desvios. O ex-ministro foi preso na Operação Custo Brasil e solto depois por ordem do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal.
O jornalista Leonardo Attuch também foi denunciado por lavagem de dinheiro. Ele recebeu R$ 120 mil ilegais, de acordo com o MPF.
Paulo Bernardo ocupou a pasta entre 2005 e 2011, mas continuou "a receber sua parte" mesmo quando foi para o Ministério das Comunicações, entre 2012 e 2015. E-mail apreendido na operação, afirma a denúncia, aponta que o ex-ministro era tratado por um dos integrantes do esquema como o "patrono" da organização.
A Procuradoria da República afirma que o dinheiro da propina era repassado aos agentes públicos por intermédio de parceiros que ficava, encarregados de elaborar contratos simulados com a Consist e distribuir os recursos entre os destinatários finais.
A parte que cabia ao PT era objeto de contratos simulados com empresas indicadas pelo então tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. Segundo a denúncia, o dinheiro era entregue "em espécie" ao petista.
Segundo o procurador da República Andrey Borges de Mendonça, o ex-ministro tinha "atuação bastante importante" para que o acordo com a Consist fosse em frente.
A denúncia aponta que a fração inicial de Paulo Bernardo era de 9,6% do faturamento da Consist, porcentual que caiu para 4,8% em 2012 e para 2,9% em 2014.
Os recursos pagavam honorários do advogado Guilherme Gonçalves, despesas pessoais do então ministro e os salários de ex-assessores e do motorista de Paulo Bernardo.
A Procuradoria revela que chegaram a R$ 17,4 milhões os repasses para João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT. Segundo a denúncia, esse montante fluiu pelas contas de três empresas indicadas pelo ex-tesoureiro do PT — CRLS Consultoria e Eventos LTDA (R$ 309 mil), Politec Tecnologia da Informação Ltda (R$ 1,975 milhão) e Jamp Engenheiros (R$ 15,1 milhões).