O senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato derrotado à Presidência da República, voltou nesta terça-feira (4) ao Senado e foi recebido por dezenas de militantes que o aguardavam com bandeiras e faixas em frente ao Congresso Nacional.
Quebrando o protocolo, Aécio desceu a rampa de acesso à chapelaria do Congresso a pé, no meio de seus apoiadores, que o saudavam como “presidente” e cantando o Hino Nacional.
O tucano se disse surpreso com uma recepção “tão marcante” e afirmou que retorna ao Senado pronto para cobrar eficiência do governo, transparência das contas públicas e investigação das denúncias de corrupção.
— O governo, quando olhar para a oposição, eu sugiro que não contabilize mais o número ou os assentos no Senado e na Câmara. Olhe bem e vai encontrar mais de 50 milhões de brasileiros que vão estar vigilantes, cobrando atitude desse governo, cobrando investigações em relação às denúncias de corrupção. Somos hoje um grande exército a favor do Brasil e prontos para fazer a oposição que a opinião pública determinou que fizéssemos.
O senador afirmou ainda que voltou revigorado e que vai agir com a mesma “honradez” que se preparou para ser presidente da República. Aécio Neves voltou a criticar a postura do PT durante a campanha eleitoral e questionou se a postura da presidente reeleita, Dilma Rousseff, vai mudar, uma vez que ela se diz aberta ao diálogo.
O tucano se disse disposto a fazer uma “oposição sem adjetivo”, mas afirmou que é difícil entender as intenções do Planalto porque, segundo ele, o governo não deixa claro quais são suas propostas.
— Os gestos do governo serão observados por nós, mas pela forma que agiram na campanha eleitoral, de forma absolutamente desrespeitosa em relação a seus adversários, não legitima esse governo, nesse instante, para uma aposta de diálogo sem que o conteúdo dessas propostas seja conhecido por nós.
Manifestações e intervenção militar
O candidato derrotado também comentou as manifestações que ocorrem pelo País, repudiando os pedidos de intervenção militar. Segundo Aécio Neves, ele sempre vai lutar para garantir as liberdades e a democracia, e alfinetou o governo, afirmando que o autoritarismo e a truculência são características “do outro campo político”.
— A nossa posição será sempre de defesa intransigente da democracia, das liberdades, contra qualquer tentativa de cerceamento da liberdade de imprensa, ou quaisquer outras liberdades, sejam coletivas ou individuais. Eu respeito a democracia permanentemente e qualquer utilização dessas manifestações no sentido de retrocesso da democracia terá a nossa mais veemente oposição. Aqueles que agem de forma autoritária e truculenta estão no outro campo político, não estão no nosso campo político.
Para Aécio Neves, essa mobilização pós-eleições é “inédita na história contemporânea” e, na avaliação dele, represento o desejo de grande parte da população que quer ser “protagonista da construção do futuro”.
A expectativa era de que o senador fizesse seu primeiro discurso em plenário, após as eleições de outubro, na tarde desta terça. No entanto, Aécio afirmou que estuda a possibilidade de transferir o pronunciamento para quarta-feira (5), após a reunião com os partidos de oposição no Congresso.
Do R7
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