A PF (Polícia Federal) em Curitiba confirmou a prisão do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e de mais 17 pessoas, de forma temporária e preventiva, incluindo os presidentes de cinco companhias: OAS, Camargo Corrêa Construções, Iesa Óleo e Gás, UTC e a construtora Queiroz Galvão. Todas as prisões fazem parte da sétima fase da operação Lava Jato.
Os investigados que não foram localizados tiveram seus nomes inscritos no sistema de procurados da PF e estão proibidos de deixar o País, entre eles, o lobista Fernando Baiano, apontado nas investigações como agente do PMDB no esquema criminoso.
Foram realizados mandados de busca e apreensão nas empresas Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Iesa, Mendes Júnior, OAS, Odebrechet, Queiroz Galvão e UTC. Ao todo, 49 mandados foram cumpridos em Recife, Jundiaí, Santos, Curitiba Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. A PF ainda executou quatro mandados de prisão preventiva, 13 de prisão temporária e nove de condução coercitiva, quando o suspeito é levado para prestar esclarecimentos, mas não fica detido.
Das nove empresas investigadas, sete empreiteiras com contrato de mais de R$ 59 bilhões com a Petrobras foram alvo da operação deflagrada nesta sexta, como informou o delegado da PF, Igor Romário de Paula, responsável pela operação.
— São aquelas em que o material apreendido e as quebras de sigilo dão material robusto para mostrar o envolvimento na formação de cartel, desvio de recursos para corrupção de agentes públicos.
De acordo com o delegado, alguns executivos das sete maiores empreiteiras do País mantinham, nas últimas semanas, atitudes suspeitas. Segundo o policial, essas pessoas pernoitavam fora de casa e viajam com frequência.
— Alguns vinham saindo do País com frequência ou dormiam em hotéis, apartamentos nitidamente com caráter de não permanecer [nas residências fixas]. Isso se comprovou hoje com alguns sendo encontrados em outras cidades.
Ele negou que tenha havido vazamento de informações.
Ainda de acordo com a PF, os executivos das empreiteiras presos hoje participaram diretamente da celebração de contratos com a Petrobras. Outros alvos da operação tiveram participação secundária ou atuaram no transporte de recursos obtidos de forma ilícita para doleiros, que posteriormente faziam a lavagem.
Na sétima fase da operação Lava-Jato foram expedidos 85 mandados judiciais e decretado o bloqueio de aproximadamente R$ 720 milhões em bens pertencentes a 36 investigados. Foi autorizado também o bloqueio integral de valores pertencentes a três empresas referentes a um dos operadores do esquema.
Os grupos investigados registraram, segundo dados do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), operações financeiras atípicas no montante que supera R$ 10 bilhões. Os envolvidos responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro.
Os mandados foram cumpridos nos estados do Paraná, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, Pernambuco e no Distrito Federal. Ao todo, mais de 300 policiais federais e 50 servidores da Receita Federal participaram da operação.
Entenda a Operação Lava Jato
A PF (Polícia Federal) iniciou no dia 17 de março a operação Lava Jato contra um esquema criminoso que teria movimentado mais de R$ 10 bilhões em transações financeiras ilegais que envolveram principalmente atividades de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
A investigação levou a prisão do doleiro Alberto Youssef, que se tornou o pivô das denúncias contra a Petrobras após aceitar colaborar com a Justiça por meio da delação premiada. De acordo com a PF, os articuladores do esquema de lavagem e evasão de divisas tinham como supostos clientes pessoas físicas e jurídicas que teriam envolvimento com outras atividades ilícitas, como o narcotráfico, corrupção, sonegação fiscal, contrabando, entre outras.
A operação ganhou grande repercussão nacional após a divulgação da suposta ligação entre o doleiro Youssef e os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque. Os dois ex-funcionários da estatal teriam utilizado o esquema para lavar dinheiro de propinas oriundas de contratos superfaturados. Paulo Roberto Costa e o doleiro são acusados de desviar recursos das obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
De acordo com o Ministério Público, os desvios nas obras da refinaria ocorreram por meio de contratos superfaturados feitos com empresas que prestaram serviços à Petrobras entre 2009 e 2014. Segundo o MPF, a obra foi orçada em R$ 2,5 bilhões, mas custou mais de R$ 20 bilhões. De acordo com a investigação, os desvios tiveram a participação de Costa, então diretor de Abastecimento, e de Alberto Youssef, dono de empresas de fachada.
Na defesa prévia apresentada à Justiça, os advogados do ex-diretor informaram que os pagamentos recebidos das empresas do doleiro, identificados como repasses ou comissões, foram decorrentes de serviços de consultoria. No entanto, de acordo com o juiz, a Polícia Federal e o Ministério Público não encontraram provas de que os serviços foram prestados.
Agência Brasil
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