02/01/2016 14:59:57
Brasil
Sindicatos vinculam apoio a Dilma ao fim do ajuste fiscal
Contra impeachment, centrais exigem mudança na política econômica
Daniel Teixeira / AESindicatos vinculam apoio a Dilma ao fim do ajuste fiscal
Todo SegundoA presidente Dilma Rousseff terá de fazer uma escolha entre o apoio das centrais sindicais, considerado crucial pelo Planalto para enfrentar o processo de impeachment, e a manutenção da política econômica do ajuste fiscal. Lideranças das três maiores centrais do País que, juntas, representam 4,4 mil sindicatos, afirmam que, depois de “segurar as pontas” no apoio ao governo em 2015, apesar das medidas de restrições aos programas sociais, a defesa estará condicionada a mudanças na política econômica.

“O País não suporta mais esse receituário econômico, de ajuste. O desemprego subiu e deve continuar subindo, com inflação acima de 10% dificultando todas as negociações salariais. É claro que a Previdência precisa ser discutida, mas não é um quadro urgente. Espero que o governo não cometa o erro fatal de defender reformas previdenciárias e trabalhistas num cenário tão difícil como esse começo de 2016”, disse o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre.

Braço sindical do PT, a CUT liderou, ao lado do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), todas as manifestações populares de apoio a Dilma. Na manifestação de 16 de dezembro contra o impeachment, diz ter levado quase 100 mil pessoas às ruas, número que superou o ato anti-Dilma realizado dias antes.

Em todos os protestos, os movimentos sociais foram contrários ao impeachment, mas críticos à política econômica do segundo mandato, encarnada na figura do então ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Os ataques ao ajuste fiscal foram engrossados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A recente troca de Levy pelo atual ministro, Nelson Barbosa, empolgou os sindicalistas. Mas as primeiras declarações de Barbosa desagradaram. “O Barbosa sempre teve uma visão mais positiva para a economia, pró-investimentos e crédito. Estranhei a defesa dele das reformas previdenciárias e trabalhistas numa hora dessas. Ele quis agradar o mercado, mas isso é tiro no pé”, disse o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, que também comanda o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.

Torres faz parte da direção nacional do Solidariedade, partido comandado pelo seu antecessor na central, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD). Paulinho defende o impeachment, mas a Força declarou ser contrária ao afastamento da presidente.

“Se ela cair, a confusão no País será ainda maior e isso será péssimo para os trabalhadores. Agora está muito ruim, mas pode ficar pior. O programa do PMDB é ainda mais pró-ajuste fiscal, pior do que o PSDB pelo jeito. Mas o governo precisa ajudar também. Precisamos retomar urgentemente o crescimento porque o Brasil está parando, com inflação em dois dígitos e muita revolta com Dilma”, disse o líder da Força (AE).

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