Os ministros das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, e dos Direitos Humanos, Gustavo Rocha, viajam amanhã (4) para os Estados Unidos na tentativa de buscar uma solução para o impasse que envolve filhos de brasileiros separados dos pais identificados como imigrantes ilegais. Em comunicado, o Itamaraty faz duras críticas à política migratória norte-americana e diz esperar a revogação das medidas adotadas recentemente.
Os ministros visitarão as crianças e adolescentes que estão em abrigo da rede Heartland Alliance, em Chicago. O abrigo é um dos 16 locais de acolhimento, nos Estados Unidos, em que estão brasileiros. Nos dias 6 e 7, Aloysio Nunes e Gustavo Rocha se reúnem em Chicago com 14 cônsules nos Estados Unidos, Canadá e México.
Não há encontros agendados com autoridades norte-americanas. Nas conversas com os cônsules brasileiros, o chanceler quer discutir o apoio que tem sido prestado às crianças e aos adolescentes, assim como a assistência jurídica a pais e responsáveis “com vistas à recuperação da guarda e à reunificação familiar”.
No comunicado, o Itamaraty detalha como será a visita aos Estados Unidos.
“A reunião de coordenação analisará com especial atenção os reflexos da atual política migratória do governo norte-americano para as comunidades brasileiras, em particular a situação dos menores que se encontram separados de seus pais ou responsáveis, em 16 abrigos nos Estados Unidos, uma prática em clara violação dos instrumentos internacionais de proteção às crianças e cuja anunciada revogação espera-se seja logo implementada.”
Participarão das reuniões os representantes do Brasil em Atlanta, Boston, Chicago, Hartford, Houston, Los Angeles, México, Miami, Montreal, Nova York, São Francisco, Washington, Toronto, Ottawa e Vancouver , além da Cidade do México.
De acordo com o Itamaraty, há mais de 1,6 milhão brasileiros que moram nos Estados Unidos, Canadá e México. O último balanço do governo do Brasil aponta para a existência de 58 crianças e adolescentes em 16 abrigos espalhados pelos Estados Unidos, principalmente em Chicago.
Na visita aos Estados Unidos, os dois ministros deverão mencionar a política de assistência aos brasileiros no exterior que inclui iniciativas para ampliação do atendimento consular, reforço dos conselhos de cidadãos (brasileiros), enfrentamento à violência de gênero, apoio ao micro e pequeno empreendedorismo, educação de crianças e facilitação do exercício do direito ao voto no exterior.
Dignidade humana
Para Gustavo Rocha, a cidade, conhecida nacionalmente por proteger migrantes em situação vulnerável, pode trazer boas ideias de como cuidar de refugiados em outros lugares do mundo.
“Precisamos estabelecer bons parâmetros em termos de proteção da dignidade humana e respeito aos direitos fundamentais de todas as pessoas, inclusive as que estão nesta condição sensível de deixar sua terra natal”, afirmou o ministro.
De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos, o prefeito de Chicago, Rahm Emmanuel, garante que a cidade será sempre uma “cidade santuário” para imigrantes, isto é, um local que protege migrantes irregulares da deportação, mesmo quando isso significa não cooperar com forças federais destinadas a esta finalidade.
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