O fazendeiro Fernando Carlos Medeiros foi condenado, nesta quinta-feira (9), a mais de 18 anos de prisão por ser o mandante do assassinato do empresário Jair Gomes de Oliveira, o "Grilo", morto a tiros em novembro de 2010, no centro de Palmeira dos Índios. A decisão foi tomada pelo Tribunal do Júri, no Fórum do Barro Duro, em Maceió, sob a presidência do juiz José Eduardo Nobre Carlos.
Esta é a terceira condenação de Fernando Medeiros pelo mesmo crime. Ele já havia sido considerado culpado em 2020 e 2023, mas ambas as sentenças foram anuladas em instâncias superiores após recursos da defesa. Apesar da nova condenação, o fazendeiro ainda poderá recorrer em liberdade.
Medeiros deveria participar do julgamento por videoconferência, mas, segundo Raimundo Palmeira, um de seus advogados, o réu apresentou atestado médico alegando estar com dengue, em uma propriedade no interior de Pernambuco.
Por causa de problemas de conexão, ele não conseguiu acompanhar a sessão de forma estável. A defesa pediu a dispensa do depoimento, o que foi aceito pelo magistrado.
“Para não atrasar o júri, a defesa não quis protelar. Já havia todas as informações nos autos, e o juiz deferiu a dispensa do depoimento”, explicou o advogado.
Durante os debates, a defesa sustentou a tese de dúvida razoável, com base no artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal, que prevê absolvição quando não há provas conclusivas.
Os advogados afirmaram que o caso é “marcado por contradições” e por uma confissão obtida em circunstâncias questionáveis, defendendo que os executores do crime poderiam ter agido por conta própria, movidos por lealdade ao fazendeiro, sem autorização dele.
“A vítima era uma pessoa de bem, mas também tinha um temperamento difícil quando bebia. O réu teria sido agredido durante uma discussão e caiu aos pés da esposa, sem reagir”, argumentou Palmeira.
Mesmo assim, o júri popular acolheu a tese do Ministério Público, que apontou provas de planejamento e motivação do crime, levando à condenação do fazendeiro.
Familiares e amigos de Grilo acompanharam o julgamento e se emocionaram com a decisão. Para eles, o resultado representa o fim de uma espera de quase 15 anos por justiça. “É um buraco que vai fazer parte da nossa vida pra sempre, da minha mãe e dos meus irmãos. Nada vai substituir, mas agora sentimos que a justiça foi feita”, declarou Thaísa Freitas, filha do empresário e advogada.
O crime
O assassinato de Jair Grilo ocorreu em novembro de 2010, em frente ao Colégio Cristo Redentor, no centro de Palmeira dos Índios. Ele se preparava para assistir a uma partida de futebol quando foi surpreendido por dois homens em uma motocicleta e atingido com quatro tiros na cabeça.
Dois executores já foram condenados em 2014: os irmãos Josival e José Rosendo, que confessaram ter recebido dinheiro do fazendeiro Fernando Medeiros para executar o empresário.
Segundo o Ministério Público, também participaram do crime Manoel Araújo (“Mané”) e Gilberto Bispo (“Beto”), apontados como pivôs da execução e responsáveis pelo apoio logístico e operacional do homicídio.
De acordo com as investigações, o homicídio foi encomendado por Fernando Medeiros, por motivações pessoais, segundo o Ministério Público.
O chamado “Caso Grilo” se tornou um dos mais emblemáticos da história recente do Agreste de Alagoa, marcado por anulações de sentenças, reviravoltas judiciais e intensa mobilização popular.
O crime chocou Palmeira dos Índios, paralisou o comércio local no dia do assassinato e deixou uma marca profunda na memória da cidade.
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