21/07/2025 17:47:15
Justiça
Crianças de até 5 anos voltam a ter abrigo separado em Arapiraca
Crianças estavam dividindo espaço com adolescentes no abrigo Maria das Neves
MPE/ALApós ação do MP, Arapiraca volta a ter unidade específica para acolher crianças pequenas
Todo Segundo com Ascom

Uma ação civil pública com pedido de urgência, movida pela 6ª Promotoria de Justiça de Arapiraca, garantiu que crianças com idades entre 0 e 5 anos, acolhidas anteriormente no abrigo Simone Emídio, fossem reacomodadas em um espaço exclusivo e adequado à faixa etária. A decisão judicial foi proferida após o Ministério Público de Alagoas (MPAL) constatar que essas crianças haviam sido transferidas para o abrigo Maria das Neves, onde conviviam com adolescentes de até 17 anos.

A medida foi considerada um retrocesso pela promotora de Justiça Viviane Farias, que liderou o processo. “Arapiraca já havia se destacado positivamente na criação de um espaço exclusivo para a primeira infância. O retorno a uma convivência forçada com adolescentes mais velhos, muitos com comportamentos distintos e necessidades diferentes, colocava essas crianças em risco e contrariava princípios fundamentais do Estatuto da Criança e do Adolescente”, afirmou.

Inicialmente, o MP concordou, de forma paliativa, com a transferência, em razão da devolução do imóvel onde funcionava a unidade Simone Emídio. No entanto, a preocupação aumentou após visita técnica realizada pela promotora em dezembro de 2024, quando foi constatada a exposição das crianças a músicas de conteúdo erotizado e situações inadequadas ao seu desenvolvimento.

Outro fato grave relatado à Promotoria pelo Conselho Tutelar envolveu a separação de dois irmãos, de dois e sete anos, por orientação da gestão municipal, devido à falta de estrutura. “A separação impacta emocionalmente, gera insegurança e é incompatível com a proteção integral que deve nortear o acolhimento institucional”, destacou a promotora.

Sem sucesso nas tratativas extrajudiciais com a gestão municipal, o MP acionou a Justiça, que acolheu o pedido e determinou que o município providenciasse, ainda que em imóvel alugado, um novo espaço independente para abrigar exclusivamente o público da primeira infância.

Na decisão, o juiz responsável pelo caso classificou a fusão das unidades como incompatível com os direitos fundamentais das crianças, afirmando que “não se pode admitir a flexibilização de garantias fundamentais sob o argumento da conveniência administrativa”.

No último dia 11 de julho, a Prefeitura de Arapiraca informou oficialmente ao Ministério Público que a nova unidade destinada às crianças da primeira infância já estava em funcionamento em um espaço provisório, até que a obra da sede definitiva seja concluída.

“Estamos atentos à continuidade da política de acolhimento com qualidade e respeito à dignidade dessas crianças, sobretudo as que possuem deficiência e maior vulnerabilidade. A liminar foi uma vitória da infância”, finalizou Viviane Farias.

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