Júri de ex-militar acusado de matar pecuarista começa com atraso Todo SegundoDo Todo Segundo
Começou por volta das 12h50, desta quarta-feira (16), o julgamento do ex-policial militar, Manoel Bernardo de Lima Filho, acusado de matar o pecuarista José Cardoso de Albuquerque, pai do cantor forrozeiro Geraldo Cardoso, em Palmeira dos Índios. O júri popular que estava previsto para iniciar às 9h, começou com atraso.
Segundo a juíza Luana Freitas, que preside a sessão, o motivo do atraso foi a falta de uma viatura para fazer o translado do réu de Maceió, até a comarca de Palmeira dos Índios.
O julgamento iniciou em clima tranquilo com depoimentos de testemunhas na sede do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), localizado no bairro Paraíso. A acusação é feita pelo promotor Fábio Vasconcelos, com assistência do advogado Thiago Pinheiro. Familiares da vítima vestem camisas com mensagens de pedidos de justiça.
Lima Filho é o único acusado a sentar no banco dos réus, devido ao falecimento de outros envolvidos no crime, entre eles o delegado Ricardo Lessa. O ex-policial foi preso em 2008, em São Paulo, e já havia sido condenado por outros homicídios, além de ser apontado como integrante de um grupo de extermínio.
O Ministério Público requisitou auxílio da 17ª Vara Criminal para o caso, em razão dos indícios de que se tratava de uma organização criminosa. De acordo com os autos, os autores intelectuais do crime, revelados após a prisão do réu, seriam o ex-prefeito de Quebrangulo Frederico Maia Filho, o “Mainha” e sua esposa Cleusa.
O crimeJosé Cardoso de Albuquerque, pai do cantor Geraldo Cardoso, foi assassinado com vários disparos de metralhadora e revolver calibre 38, em 27 de setembro de 1989, no interior de uma casa comercial, Bilá Auto Peças, no município de Palmeira dos Índios.
O ex-policial Manoel Bernardo de Lima Filho, pertencia, supostamente, a um grupo de extermínio responsável por crimes de pistolagem, liderado pelo delegado Ricardo Lessa, já falecido, e que naquele período seria rival da “gangue fardada”, comandada pelo ex-tenente Cavalcante.
O pecuarista era suspeito de participação em roubos de gado no interior do Estado. Segundo testemunhas, no dia do crime, José Cardoso vinha sendo seguido por Ricardo Lessa e sua equipe desde um trecho do Distrito de Canafístula de Frei Damião, zona rural do município.
Ao chegar em um posto de combustíveis em Palmeira dos Índios, a vítima foi chamada pelo Sargento Góes para ir até a delegacia, onde encontrou os delegados Eduardo Mala e Ricardo Lessa.
Ao tomar conhecimento que iria ser deslocado para o município de Viçosa, ocasião em que Lessa teria dito que o mataria no meio da estrada, José Cardoso tentou fugir entrando na loja de auto peças, da qual era cliente, pedindo socorro e gritando que queriam lhe matar. Como não havia saída pelos fundos, ele foi acuado e morto sem chances de defesa.
Geraldo Cardoso, filho da vítima, disse que à época do crime, estava no início de sua carreira musical,prestou depoimento e pediu esclarecimento do crime e segurança para toda sua família ao então Secretário de Segurança Pública José Rubens. Mas, por conta de sua iniciativa, foi ameaçado e obrigado a sair de Alagoas para se manter vivo.