Dida Sampaio / Estadão/SPA hipocrisia do senador José Sarney no processo da reeleição Todo SegundoPor Geovan BenjoinoJosé Sarney (PMDB-AP) manifestou-se terminantemente contra a reeleição de ex-presidente da República, cujo exercício deveria impedir a concorrência a qualquer cargo eletivo, segundo enfatizou o senador durante seu discurso de despedida na tribuna do Senado Federal.
“Foi um erro que eu cometi ter voltado, depois de presidente, à vida pública”, enfatizou José Sarney. “Eu tenho um arrependimento, até fazendo um mea-culpa”, endossou.
Que hipocrisia! Que incoerência! Que cara de pau! Só agora, depois de 24 anos exercendo o Senado Federal Sarney percebeu que estava equivocado.
Nem os 60 anos de mandatos eletivos e 84 anos de vida foram suficientes para fazerem Sarney descobrir a hipocrisia de seus interesses político-eleitorais contrariados pelas pesquisas realizadas no Amapá, cuja última expressava 62,5% de rejeição contra sua pessoa, além das vaias que sofreu em várias oportunidades, entre as quais, ao lado da presidente Dilma Rousseff, em Macapá, em junho deste ano.
Sarney desistiu de concorrer à reeleição e mudou de postura não por mea-culpa, mas porque teve medo de sofrer constrangimento político-eleitoral – e por acreditar que perdendo o cargo de senador por rejeição eleitoral – o fato iria manchar o seu currículo de raposa política.
As pesquisas eleitorais e as vaias orquestradas espontaneamente pelo povo do Amapá foram determinantes para o senador Sarney desistir de concorrer à sua reeleição. Essa sim, foi a causa fundamental que motivou a saída da velha raposa maranhense do cenário político-eleitoral 2014.
Mesmo safenado, com 84 anos e debilitado fisicamente, Sarney jamais desistiria do Senado. Se dependesse de seu apego ao poder, de sua vaidade e das benesses da política, Sarney tornaria-se senador vitalício, como no Brasil Imperial. No entanto, o povo amapaense, depois de três mandatos, percebeu que estava passando do momento de banir do Estado uma personalidade que só queria emprego, mordomia e prestígio político.
O eleitor percebeu que político profissional é como carrapato quando gruda no peito de uma vaca leiteira; jamais que largá-lo, porque “mamar” é delicioso e confortável, além de lucrativo.