DivulgaçãoA República Unida dos SuÃnos; um conto sem propósito Todo SegundoPor Luan MoraesEm um lugar metafórico, num país fictício, os porcos gozavam de alguma liberdade. Tinham um governo democrático e eram conduzidos por um conselho, cujo primeiro ministro era o suíno Bartolomeu. As finanças eram controladas e a moeda principal era a maçã. O conselho instituiu impostos e cada chiqueiro deveria pagar mensalmente ao banco, pois eram necessários recursos para manutenção dos seis chiqueiros da República Unida dos Suínos.
Todo mês de junho, o País para durante os festejos da independência quando, aliados aos cavalos, as galinhas, aos cães e aos bois, os animais iniciaram uma revolução e expulsaram os humanos do local. Em um mês inteiro de folia, os porcos fuçaram até o chão ficar intransitável, e pelo formato roliço de seus corpos fica evidente que comida e bebida eram grátis e abundantes. Ao final das festividades, o primeiro ministro anunciou um pacote de medidas para reconstrução dos chiqueiros desgastados pelas festas. Ao total, o orçamento findou em um gasto líquido de 2000 maçãs.
No terceiro chiqueiro, dois porcos decidiram competir nos jogos do continente animal, seriam os primeiros da República Unida dos Suínos a competir contra os antigos aliados. Então decidiram pedir recursos ao conselho para que pudessem se dirigir a Federação dos Grãos, o país das galinhas. Lá ocorreria a segunda edição dos jogos da independência. Contudo, o primeiro ministro se meteu e disse que os recursos estavam escassos e não poderia patrocinar os atletas.
No dia seguinte, Bartolomeu realizou outra festa e trocou toda a lama do chiqueiro central, a capital da república. Não era uma festa comum, era uma comemoração dos porcos ricos dos seis chiqueiros. Estavam presentes o secretário do primeiro ministro que era um Javali, e os seis governadores e suas esposas gorduchas e rosadas. Bebiam suco de laranja e comiam dos melhores quitutes do milho produzido na Federação dos Grãos. No dia seguinte, Bartolomeu anunciou cortes nos no setor de apoio ao desenvolvimento dos suínos necessitados; de acordo com ele “Precisamos focar naquilo que é importante, mais lama e festa, menos desperdício”.
Revoltados, os moradores do terceiro chiqueiro mataram seu governador afogado nos restos de comida já apodrecidos – único alimento disponível para o povo – e se dirigiram ao chiqueiro central, onde foram brutalmente massacrados pela guarda dos Javalis, selvagens contratados pelo ministro da guerra para manter a ordem na República. Bartolomeu levou os sobreviventes ao conselho e os penalizou com a morte, logo seriam entregues aos cães.
Em um último argumento, um dos presos perguntou: Por que nos trata de forma diferente, nós que somos da tua raça, mandando esses selvagens nos destruir? Por que nos tiraste a chance de competir e usasse nossas maçãs para alimentar a ambição dos ricos que já tem tudo? Nós o colocamos nesse cargo e não entendemos o porquê do silencio do conselho, eles são os porcos mais velhos, os mais sábios.
Bartolomeu, movendo seu pesado e gordo corpanzil roncou em uma tremenda gargalhada e disse: “Nesse país eu mando e desmando, comprei até mesmo os sábios do conselho, uso as maçãs dos impostos para festas, pois o povo gosta de festa. Fale em festa e esqueça os problemas. Somos todos iguais, não é? Confesso achar alguns mais iguais que outros. Grande pensador, o porco Napoleão dos livros do humano Orwell. Guardas! Levem os prisioneiros” E nunca mais se ouviu falar em revolta na República Unida dos Suínos.
Fim.