Câmara dos DeputadosDerrota em votação do mÃnimo expõe governo e deixa PT ainda mais vulnerável Todo SegundoA aprovação na última quarta-feira (24) de uma emenda que estende os critérios de reajuste do salário mínimo para as aposentadorias e pensões da Previdência Social, acima de um salário, ampliou os problemas do governo federal no Congresso, além de obrigá-lo a mais uma vez vetar uma medida aprovada contra a sua vontade no âmbito da Seguridade Social e sob risco de perder novamente.
A percepção na Câmara é de que a vulnerabilidade do governo chegou ao fundo do poço para onde também caminha o PT.
Deputados ouvidos pelo R7 no dia seguinte ao da mais nova derrota do governo na Câmara disseram que a votação da Medida Provisória 672/15, que estende a política de valorização do salário mínimo atual até 2019 e que teve votos contrários ao governo até dentro do PT, é um recado para que os problemas de caixa da Previdência sejam resolvidos sem onerar os aposentados.
Por 206 votos favoráveis e 179 contra o governo foi derrotado mais uma vez depois que os deputados flexibilizaram o Fator Previdenciário há duas semanas. No PT, votaram contra os interesses do Planalto os deputados Wliton Prado (MG) e Luizianne Lins (CE).
Segundo o deputado Luis Carlos Hauly (PSDB-PR), a falta de cuidado dos governos do PT com a Previdência desaguou na falta de credibilidade do governo na sociedade e a câmara é um reflexo disso.
— Nâo há mais apoio ao governo na Câmara. Foram anos de discurso que finalmente não seduz mais ninguém.
A medida aprovada ontem, segundo o ministro da Previdência, Carlos Gabas, onera o governo em R$ 9,2 bilhões em gastos extras por ano, R$ 4,6 bilhões apenas em 2015. A emenda, de autoria do deputado Arthur Maia (SDD/BA), faz com que o aumento do salário mínimo agora provoque o mesmo reajuste em aposentadorias com valores superiores ao piso salarial do trabalhador brasileiro.
O cálculo de reajuste do mínimo é feito com base na inflação e na taxa de crescimento da economia nos dois anos anteriores. O reajuste médio anual do salário mínimo já foi de 5,9% nos anos iniciais do governo Lula e hoje está em torno de 2,5%, segundo dados do Banco Central.
Para o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), a aprovação da emenda que vincula o reajuste do salário mínimo aos demais benefícios previdenciários é uma irresponsabilidade e não caberá outra opção à presidente Dilma que não seja a de vetar a medida, caso ela também seja aprovada no Senado.
Fragilidade óbviaA derrota do governo também foi sentida no PT, o principal apoiador do governo no Congresso. O partido reuniu a bancada na manhã desta quinta-feira (25) mas optou por não discutir "traições" ocorridas na bancada na votação de ontem. Henrique Fontana (PT-RS) disse que o partido não vai discutir a ação individual dos parlamentares da legenda e sim como irá se defender dos adversários que querem destrui-la.
— Já é uma obviedade que o PT está frágil. Precisamos ver as coisas de cima e não se ater a detalhes.
O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani, disse que o partido teve 12 (de 62) votos ontem dados contra o governo e salientou que, mesmo assim, foi um dos que mais contribuíram para que a derrota não fosse maior. Ele contemporiza na análise do resultado.
— Acho que deputados de vários partidos votaram mais pela retórica de que a medida beneficia os aposentados do que para derrotar o governo.
Do R7