20/06/2025 10:35:13
Política
Senadores e deputados de Alagoas recebem milhões em reembolsos médicos
Reembolsos milionários de senadores e deputados expõem desigualdade na saúde em Alagoas
Parlamentares de Alagoas receberam milhões em reembolsos médicos, enquanto SUS enfrenta crise
Todo Segundo

Deputados e senadores brasileiros, incluindo representantes de Alagoas, receberam ao menos R$ 100,5 milhões em reembolsos médicos nos últimos seis anos — mesmo tendo à disposição planos de saúde com cobertura em hospitais renomados como Sírio-Libanês, Albert Einstein e Rede D’Or. As informações são de levantamento publicado pelo portal UOL, com base em dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI).

De acordo com os dados, entre 2019 e 2025, a Câmara dos Deputados gastou R$ 39,7 milhões com esses reembolsos, enquanto o Senado Federal desembolsou R$ 60,8 milhões. A prática ocorre sob regras permissivas e com pouca transparência, especialmente no Senado, onde não se divulga quais senadores foram beneficiados, quais procedimentos foram realizados ou em quais locais.

Em 2021, o valor máximo reembolsável por nota na Câmara saltou para R$ 135,4 mil, após um reajuste de 170% autorizado pelo então presidente da Casa, o alagoano Arthur Lira (PP). A justificativa foi o aumento da chamada “inflação médica”, embora a inflação oficial acumulada no mesmo período não tenha ultrapassado 32%.

Na prática, não há limite de quantidade de pedidos por deputado, o que permite acúmulo de reembolsos com valores que ultrapassam a casa dos milhões.

Entre os nomes citados pelo levantamento do UOL, a ex-deputada Tereza Nelma (PSD-AL) aparece como uma das parlamentares que mais receberam reembolsos médicos no Brasil, com mais de R$ 2 milhões ressarcidos pela Câmara dos Deputados entre 2019 e 2025.

Outro destaque alagoano é o deputado Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Casa, que autorizou o reajuste de 170% no teto dos reembolsos em 2021, sob justificativa de “inflação médica”, mesmo com a inflação acumulada no período não ultrapassando os 32%.

Apesar de não haver detalhamento individual dos reembolsos no Senado, ex-senadores e atuais representantes de Alagoas também têm direito aos mesmos benefícios vitalícios, o que inclui acesso a reembolsos sem limite de valor ou exigência de contrapartida financeira.

As vantagens são ainda maiores no Senado: o plano é vitalício, não há cobrança de mensalidade nem coparticipação, e os valores reembolsados podem ultrapassar em até 20 vezes as tabelas normais de mercado. Os benefícios se estendem a 190 ex-senadores e 126 dependentes.

Apesar de haver uma análise técnica, os processos ocorrem sem prestação de contas pública. O Senado afirma que não reembolsa procedimentos estéticos, mas admite que pode cobrir tratamento no exterior e até transporte por UTI aérea, se necessário.

Contraste com a realidade da saúde pública em Alagoas

Enquanto isso, a realidade do povo alagoano é bem diferente. Hospitais públicos lotados, longas filas de espera, escassez de médicos e dificuldade de acesso a exames especializados ainda fazem parte da rotina de quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS) no estado.

Em municípios do interior, onde a infraestrutura hospitalar é precária, muitos pacientes esperam meses por consultas básicas ou viagens de ambulância para outras cidades. A discrepância entre o sistema de saúde público e os privilégios garantidos aos parlamentares evidencia o abismo que separa a elite política da população que a elege.

Tentativas de fiscalização foram arquivadas

O levantamento também revela que o Partido Novo acionou o Tribunal de Contas da União (TCU) em 2021 para apurar a falta de transparência nos reembolsos da Câmara. O tribunal, porém, arquivou o caso e recomendou que a fiscalização fosse feita internamente pela própria Casa.

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