AssessoriaPesquisadores debatem células-tronco e ‘cirurgia sem sangue’ em Maceió

Da Assessoria

Os avanços tecnológicos na cardiologia farão parte dos temas que pesquisadores brasileiros e estrangeiros debaterão em Maceió esta semana, no período de 12 (quarta-feira) a 15 (sábado), no Hotel Radisson.

Entre eles as estarão as terapias com células-tronco aplicadas ao coração e a cirurgia cardíaca sem transfusão de sangue, destinada principalmente aos seguidores da religião Testemunhas de Jeová. As discussões ocorrerão no XXIV Fórum Científico, que congregará simultaneamente mais de dez outros eventos em cardiologia.

Pesquisas recentes mostram que nos últimos anos foram registrados significativos avanços nessas duas terapias. A “cirurgia sem sangue” já é realidade e passa, agora, por aperfeiçoamento. O uso de células-tronco se mostra um mundo sem fronteiras, com perspectivas de cura até pouco tempo consideradas inatingíveis.

Encontradas em todo o corpo, mas em maior quantidade na medula óssea e no sangue do cordão umbilical, as células-tronco são de multiuso. Elas podem dar origem a outros tipos de células, entre elas a cardíaca.

Testes com ratos e camundongos submetidos a lesões cardíacas, feitos em diversos países, demonstraram que células-tronco da medula óssea e do cordão umbilical injetadas na corrente sanguínea desses animais migravam para o coração, originando novos vasos sanguíneos e tecido muscular.

Músculo cardíaco - No Brasil, o Hospital Israelita Albert Einstein está realizando pesquisa de tratamento com células-tronco para regenerar o músculo cardíaco de pacientes que sofreram infarto. Através de um cateter, são injetadas células-tronco, retiradas do próprio paciente, no local adjacente à região do músculo do coração afetada pelo infarto, com o objetivo é estimular a proliferação de novas células em substituição àquelas que morreram.

Pesquisa conduzida pelo cientista Charles Murry, professor de patologia e bioengenharia da Universidade de Washington e divulgada no primeiro semestre deste ano, mostra que Células de fibras musculares cardíacas produzidas a partir de células-tronco embrionárias humanas foram capazes de estimular a recuperação de corações infartados de macacos.

Diariamente novos estudos e trabalhos sobre células-tronco são publicados no mundo. Mas, embora as perspectivas de cura tenham até agora se mostrado grandes, os especialistas concordam que ainda há muito a se pesquisar até que se chegue a tratamento significativos.

Algumas perguntas ainda estão sem resposta: como a célula-tronco se transforma numa célula muscular, num neurônio ou em vaso sanguíneo? Como são definidas suas características finais? Os pesquisadores são unânimes em afirmar que a resposta virá nos próximos anos, em resposta as inúmeras pesquisas que estão em andamento.

Problema ético - A “cirurgia sem sangue” chegou para pôr fim a um problema ético para médicos e religioso para os evangélicos Testemunhas de Geová, que não admitem transfusão de sangue. Até recentemente, não seria possível fazer uma cirurgia cardíaca – que costuma sempre ser de grande porte – sem transfusão sanguínea.

Graças aos avanços da tecnologia, essa modalidade de cirurgia continua avançando e não é feita mais apenas na área cardíaca. Ela utiliza um equipamento que recupera o sangue perdido durante a cirurgia e o faz retornar ao corpo do paciente. No Instituto de Doenças do Coração da Santa Casa de Maceió esse tipo de cirurgia já está sendo feito.

O cirurgião e pesquisador britânico Stephen Geoffrey Pollard, garante que os índices de morbidade e de mortalidade entre os que se submetem a “cirurgia sem sangue” são “pelo menos iguais aos dos pacientes que recebem sangue e, em muitos casos, são poupados das infecções e complicações pós-operatórias freqüentemente atribuídas ao sangue”.

Fórum Científico – Os últimos avanços nas pesquisas com células-tronco na cardiologia e da cirurgia cardíaca sem transfusão de sangue estarão na pauta das discussões de cientistas e cirurgiões durante o XXIV Fórum Científico, em Maceió.

O fórum vai congregar as realizações simultâneas de mais de dez eventos, vários deles de âmbito internacional, entre eles o o XX Fórum da Academia Internacional de Ciências Cardiovasculares, XXXII Congresso Brasileiro de Circulação Extracorpórea, o XV Fórum de Internacional de Fisiologia Cardiovascular Aplicada e o IV Fórum de Biomedicina Cardiovascular.

Entre os participantes estarão pesquisadores renomados como Otoni M. Gomes (MG), Domingo braile (SP), Enio Buffolo (SP), Ricardo Lima (PE), Noedir A.G. Stolff (SP) e Melchior Luiz Lima (ES), entre outros. Já entre os cardiologistas de outros países confirmaram participação Dinnender Sigla (EUA), Domingos Sávio R. Souza (Suécia), Devendra K. Agrawal (USA), Enrique Castañeda Saldaña (Peru), Federico Benetti (Argentina), Diego A. Borzelino (Venezuela), Harpal S. Buttar(Canadá), Konstadinos Plestis (USA), Lorrie Kirshenbaum (Canadá), Madhu B. Anand-Srivastava (Canadá), Naranjan S. Dhalla (Canadá), Peter P. Nánási (Hungria) e Tomas A. Salerno (USA).

Um conjunto de 17 entidades da área de cardiologia integram a organização do Fórum Científico, entre elas a SBCCV (Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular), SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), SOBRADPEC (Sociedade Brasileira para o Desenvolvimento da Pesquisa em Cirurgia), SBCEC (Sociedade Brasileira de Circulação Extracorpórea) e a ABCI (Associação Brasileira de Cardiologia Intensiva).

Em nível internacional, o fórum terá as participações das entidades IACS (International Academy of Cardiovascular Sciences South American Section), Sociedad Latino Americana de Cirugia Cardiovascular, Sociedad Peruana de Cirugia Cardiaca Toracica y Vascular, Facultad de Medicina UBA (Argentina), University of Manitoba (Canadá), Institute of Cardiovascular Sciences (University of Miami , USA), Department of Cardiothoracic Surgery University of Ottawa (Canadá) e Medical Devices Innovation Institute.

As inscrições para participação no Fórum Científico poderão ser feitas no local. Cardiologistas e profissionais de outras áreas (biomedicina, pediatra, pneumologia, anestesiologia, fisioterapia, enfermagem, psicologia, clínica médica e área de imagens e diagnóstico) e estudantes dessas das áreas médicas também são esperados nos eventos. A programa completa está no site http://forumcientifico.com/.

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