De contestado a prestigiado.
O que o técnico Ranielle Ribeiro fez para o ASA evoluir? Como fez?
A campanha do ASA no Brasileiro da Série D, até o momento, é irretocável. São cinco vitórias e um empate em seis partidas disputadas. Além da invencibilidade e melhor campanha entre os 64 clubes, o Gigante tem o melhor ataque do torneio, com 14 gols marcados e está entre as três melhores defesas, com apenas três gols sofridos.
Mas como a equipe deixou de ser oscilante?
Acredito que um dos principais trunfos para a contínua evolução, além da sequência e repetição na escalação, foi a manutenção do time titular após o Campeonato Alagoano.
O 11 inicial de Ranielle vem jogando junto desde a pré-temporada. Em pouquíssimos jogos - no máximo três - houve mudanças obrigatórias por lesão ou suspensão.
A preservação destes aspectos gerou para o técnico a possibilidade de ter um time entrosado, encaixado e com margem para evolução tática. O processo para a melhora no nível perfomático não foi simples.
Ranielle Ribeiro não fugiu do sistema 4-2-3-1 e suas variações. A estrutura se manteve, no entanto, houve modificações nas dinâmicas e, especialmente, novos mecanismos para o momento ofensivo foram adicionados. Agora, o ASA consegue ser um time equilibrado. Manteve sua solidez defensiva e conseguiu melhorar seu repertório ofensivo.
Acredito que o grande objetivo do treinador foi fugir da previsibilidade. Muito se falava que o ASA tinha apenas o lado direito forte e/ou a bola longa aliada as inversões na diagonal como recursos no momento com a bola.
Atualmente, é perceptível algumas mudanças.
O lado direito foi potencializado. Além da boa dupla Paulinho e Keliton, a equipe consegue ter a aproximação do meia Sammuel para gerar superioridade na zona da bola. Além disso, outro movimento foi introduzido. O lateral-direito encaixa o jogo por dentro na última linha, para que atacante possa ficar mais 'espetado' e no mano a mano.
A movimentação gera amplitude e profundidade, junto da dúvida criada na marcação, porque os dois atacam muito bem o espaço para o fundo do campo.
Do lado esquerdo, Charles começou a jogar mais aberto para que Thiago Alagoano participe e auxilie nas construções mais por dentro com o jogo de aproximação. Assim, Júnior Viçosa ativa seu jogo de pivô tendo mais jogadores próximos.
Este movimento propicia o mesmo objetivo do lado oposto: amplitude e profundidade. Aliada a busca por igualdade ou superioridade numérica diante da linha defensiva do adversário.
Em conjunto com estes movimentos coordenados e pré-estabelecidos, existem as movimentações de Fabrício Bigode e um dos primeiros volantes. O camisa 8 caindo mais pelo lado esquerdo cria mais uma opção para o jogo aproximado, tendo a sustentação de Sousa Tibiri ou Guilherme Borges.
Por fim, as iniciações das jogadas. A saída de três tem os dois zagueiros (Cristian Lucca e Zulu), mais um dos volantes - hoje o Bigode. O mecanismo gera opções para o bom passe e a bola longa de Cristian ou a saída mais sustentada e apoiada de Fabrício.
Todas estas potencializações do jogo passaram por processos. Implemetação e repetição diária. Aliada a todo o desenvolvimento do entrosamento da equipe. É óbvio que não aconteceu da noite para o dia. Por isso a importância de acreditar nas etapas para que exista a manutenção da evolução.
O ASA não ganhou nada, é bem verdade. Para mim, ainda não é um time pronto. Especialmente porque ainda vejo margem para evoluções, sobretudo diante das naturais correções e os frequentes ajustes.
Mas, até o presente momento, há de se exaltar o trabalho feito pelo técnico Ranielle Ribeiro e toda a sua comissão técnica.
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