Uma discussão antiga que perdura até os dias de hoje - e pelo jeito vai continuar.
Um episódio gerou divergências de opiniões, principalmente por parte da torcida do ASA. Logo após o clube postar, em uma de suas redes sociais, uma foto onde o presidente Jair Bolsonaro recebe das mãos do deputado federal, Severino Pessoa, uma camisa oficial do clube.
Os questionamentos foram quase que instantâneos. A divisão de opiniões ficou clara. Uns concordando, outros não; uns a favor, outros não.
Devemos fazer uma ressalva: a atitude não partiu da instituição. Inclusive, segundo informações, não havia nenhum representante do clube na reunião. O ato foi unicamente e exclusivamente articulado pelo deputado.
Uma ponto importante e que precisa ser discutido, é que esse não é um caso isolado. Outros políticos foram presenteados e vestiram a camisa do ASA em determinadas ocasiões. Por exemplo, a ex-presidente Dilma Rousseff, em 2011, recebeu das mãos do até então prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa, o mesmo presente.
Outro que recebeu a camisa do Gigante foi Eduardo Campos - já falecido. Na ocasião, em 2014, o político era candidato a presidência da República.
Nesta situação devemos, antes de tudo, saber os conceitos e diferenças de política, politicagem e politizar determinado área ou local. Por exemplo, uma rede social. O ponto principal pode ser esse.
Que política pode se misturar com futebol, isso é óbvio - em meu ver. Esse paradigma deve ser quebrado. Pois o próprio futebol é formado e feito de atos políticos e são fatores que estão interligados. Principalmente se usados para alavancar causas justas; como as sociais, igualitárias e afins. Política no futebol é sinônimo de posicionamento.
Por outro lado, não devemos confundi-la com politicagem - condição pautada em satisfazer interesses pessoais. Que tem como objetivo, a troca de favores em benefício próprio.
O deslize do ASA foi usar o "politizar". Ou seja, direcionar um pensamento em sua rede social. Lugar onde as compreensões são universais. Pois uma torcida, assim como uma população escolhe um lado para seguir. Algo que gera desconforto, uma vez que é um assunto totalmente complexo.
Por exemplo: se um político da oposição ou que for contra com os pensamentos dos que estamparam seus rostos na postagem também usarem a camisa, será que terá a mesma visibilidade? Será que também estará num 'post' na rede social do clube?
São esses pontos que divergem e destoam. Porque se não, aí entra em cena a politicagem e não a política.
Em meu ver, há sempre interesses em jogo - principalmente quando se é ano de eleição. O cuidado deve ser com a imagem do clube perante sua torcida. A pluralidade de pensamentos não deve se misturar com uma única compreensão.
Um clube como o ASA, tem visibilidade na cidade, estado e região nordestina. Ou seja, usado para o bem próprio torna-se uma força. Principalmente se promessas forem feitas.
Portanto, a mistura de forma correta pode ser favorável. Eu, particularmente, só não concordo com o equívoco do clube em associar, sem representante, a imagem com uma atitude vinda de terceiros. Um clube, numa situação como esta, deve ficar isento. Porém, entendi o que aconteceu. E muito, por sinal.
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