Ironia: [Gramática] Figura de linguagem pela qual se expressa exatamente o oposto daquilo que se diz.
O futebol é mesmo, por vezes ou sempre, um meio muito bizarro, contraditório e divergente. Além das outras várias "falhas" que envolvem a chamada paixão mundial. Sentimento tão forte que a racionalidade se desvai.
A contratação de Robinho, que irá para a sua quarta passagem no Santos gerou críticas.
O jogador de 36 anos foi condenado em primeira instância a 9 anos de prisão por estupro na Itália. O caso teria acontecido em janeiro de 2013, numa festa em Milão - o atleta ainda pode recorrer.
Nesse meio tempo, até o anúncio da contratação do atacante, o Santos participou de várias campanhas. Uma delas? A eliminação da violência contra as mulheres - em qualquer tipo e âmbito. Confira o post abaixo:
Seria irônico se não fosse trágico. Tal ato contraditório é mais um exemplo de que as mais diversas campanhas e lutas, no futebol, ficam apenas no papel ou em 'rashtags' ou em faixas. E ainda, o que deixa a situação ainda mais esquisita são as retóricas para explicar a episódio.
Falam que o jogador foi contratado pelo que faz no campo e não fora; ou que ele é ídolo e honrou a camisa enquanto vestiu. Além de outras várias premissas sem nexo e tortas para explicar o inexplicável. Ou seja, relativizam a situação por ter pura conveniência. Vulgarizam a realidade de várias vítimas, em resumo.
Por que, como se dizer favorável a uma causa e agir de forma contrária? Ter tal atitude é ser divergente com o próprio pensamento - se é que há um pensamento. É desrespeitar quem sofre e quem necessita de apoio. Nesse caso, as mulheres que vêem sua causa e luta banalizadas - infelizmente.
No entanto, esse ato de hipocrisia vindo da diretoria do Santos não é algo extraordinário - principalmente no futebol. Entre machismo, homofobia, xenofobia, racismo. Um meio onde, por exemplo, se assumir gay é mais abominável que ser condenado por estupro, assassinato ou agressão contra mulher.
Onde o infrator ganha holofotes e necessita de "oportunidade" e outros são perseguidos. Por opção sexual, cor ou etnia.
É mais do mesmo em um meio altamente preconceituoso e que os valores são invertidos, ou usados quando convêm. Fazendo isso, o Santos ou qualquer outro clube que agir de tal maneira, só escancara a normalização de algo que deveria ser repudiado.
A tal ironia. Ou apenas a boa e velha hipocrisia.
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