Um centenário torneio. Disputado desde 1906. Vive, hoje, dias de desconexão com a realidade.
Em toda sua riqueza, jamais se viu algo tão perplexo. Sem nexo. Nem nos tempos onde a nobreza se sentia no direito de ser dono de algo que não era/é latifúndio. A cultura, sim, sempre se fez presente. De lutas contra desigualdade, contra o racismo ou contra a elite arrogante e prepotente. Hoje, parece que tudo esvaiu-se, sumiu.
Daria tudo para saber o que Nelson Rodrigues, João Saldanha, Mario Filho e Armando Nogueira escreveriam em suas crônicas neste momento. Eles que levaram tudo sempre para o lado da paixão. Deixando a razão, às vezes pelo romantismo, de lado. No entanto, eram sóbrios e racionais. Contando e descrevendo o charme do futebol carioca como poucos.
Por falar em pouco, é essa a palavra que atua fortemente na parada. Pouco bom senso, sensibilidade, razão, coerência, respeito, humanidade.
Um país que vive uma enorme crise sanitária, que tornou-se epicentro de uma Pandemia e onde MIL pessoas morrem por dia vê um mundo paralelo sendo criado. Um retorno num estádio onde existe ao lado um Hospital de Campanha - entre lutas distintas. Alguns (poucos) pela bola, outros pela vida. Onde uns vencem e outros perdem.
Agora, o mais grotesco e surreal é proposto. Torcida nos estádios (sic).
Politicagem, vaidade, divergências e arestas criadas - junto da bagunça que é Federação de Futebol do Rio de Janeiro. Além da "coincidência" da nova medida ser paralela com as finais do campeonato. Estranho? Não, conveniente. Ou, certamente, inconsequente.
Um romântico insensato se fez e não por ele - por outros. Seria cômico se não fosse trágico. No entanto, é sério. Tão sério quanto um vírus que resume isso tudo. Mais letal e viral: a imbecilidade.
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