A invenção do futebol não aconteceu em 2019. E o técnico Jorge Jesus, não é um revolucionário da bola.
Há de ressaltar, exaltar, admirar e respeitar o excelente trabalho do português. Seu time está fora da curva em desempenho e números. Dentro de campo mostra total superioridade contra os demais, pela metodologia de trabalho. Da intensidade, agressividade, posse de bola, mobilidade e coragem. O desejo sempre é a vitória, algo que foi se perdendo em alguns times do Brasil.
Porém, a histeria coletiva dos poetas da bola gera várias e várias discussões. Comparações, principalmente (algumas até bizarras). Até uma imparcialidade, que gera a irracionalidade.
O que Jorge Jesus inventou? Qual a revolução que ele fez no futebol brasileiro?
Nada se cria, tudo se transforma. E o português aprendeu, estudou para isso. Não é inovação, é mudança de conceitos e ideias de jogo, para aquilo que nós estávamos acostumados. Tudo aquilo que foi se perdendo no nosso futebol. No entanto, a memória curta do torcedor sempre aparece. Ainda mais em bons momentos. Pois bem.
Em momentos de empolgação, várias comparações e "descomparações" aparecem. Então, aí vai um refresco de memória.
Há alguns anos, no Brasil, nós tivemos sim, times com tais características "revolucionárias". O Palmeiras de 1996, de Vanderlei Luxemburgo, o time dos 102 gols. Tinha a intensidade, sede de vitória e a ofensividade em nível altíssimo; o Cruzeiro de 2003, também de Luxa, aliava o equilíbrio defensivo junto do ofensivo e amava ter a bola, inclusive, conseguiu uma tríplice coroa naquele ano.
Vamos a outros exemplos. O Santos de 2010/2011 destoou de tudo; com ousadia, coragem para jogar e liberdade técnica. Outro que na época saiu da curva, foi o Corinthians de Tite, em 2015. O timão aliou tudo o que era "novo". Equilíbrio defensivo, ofensivo e principalmente, a individualidade aflorada. Além da organização tática. Conceitos que fizeram de Adenor um novo "revolucionário" do futebol e o credenciou a ser técnico da Seleção Brasileira.
Só mais um exemplo recente. O Grêmio, de Renato Gaúcho, campeão da Libertadores em 2017. Um time que encantou o país pelo futebol arrojado, corajoso e bonito. O amor em ter a bola e o DNA ofensivo, aliados a organização tática.
Resgatar algo é subjetivo no futebol. A ideias de Jorge Jesus não foram inventadas. Os conceitos vêm de outras épocas.
Na história, logicamente, o futebol foi melhorado. O Milan, bi-campeão europeu, do técnico Arrigo Sacchi, era inspirado na Holanda de 74. Pela mobilidade e mudanças de posições ofensivas, aliadas a transformação na parte defensiva. No chamado "bola coberta e bola descoberta". A verticalidade e agressividade de contra-ataques ( que esse Flamengo tem muito), foi algo feito pela Inglaterra de 66. E por fim, o jogar sem bola foi implantado pela Hungria de 54. Com a mobilidade das linhas e os meias que chagavam constantemente para atacar.
Mostrados os exemplos daqui do nosso futebol e trazendo conceitos de alguns antigos times europeus, continuo com a mesma opinião.
O futebol não foi criado em 2019, há quatro meses. Conceitos de jogo, sim, foram implantados e podemos dizer que melhorados. Nada mais que isso. Muita calma nessa hora, inclusive. Cautela com a histeria que pode gerar a irracionalidade, que gera a imparcialidade. E não. Jesus não inventou o futebol.
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