Para quem acha que a presença de técnicos estrangeiros no futebol brasileiro é uma novidade, se enganou.
O mercado atual no Brasil, antes fechado para treinadores de outros países ganhou uma flexibilização nos últimos anos - ou no último ano. Principalmente pelo "fator Jorge Jesus". O português, ex-técnico do Flamengo, que fez um trabalho extraordinário diante do rubro-negro carioca - vencendo o Brasileirão e a Libertadores.
Atualmente, falando especialmente da Série A, temos 5 técnicos de outros países: o espanhol Domènec Torrent, no Flamengo; Eduardo Coudet, argentino, do Internacional; outro argentino, Jorge Sampaoli, do Atlético-MG e os portugueses Ricardo Sá Pinto, do Vasco e Abel Ferreira, do Palmeiras (recém contratado e último a desembarcar no país).
Ao todo, em toda história do nosso futebol, 41 técnicos conseguiram conquistar títulos no país (levando em conta todos os campeonatos). A maioria uruguaios: 18. Mais 9 argentinos, 4 paraguaios, 3 ingleses, 3 húngaros, 2 italianos e 2 portugueses.
No entanto, se pegarmos os números e nomes de técnicos gringos desde o primeiro Brasileirão de pontos corridos, em 2003, apenas Jorge Jesus teve sucesso na conquista nacional. Nomes como Reinaldo Rueda (Colômbia), Diego Aguirre (Uruguai), Edgardo Bauza (Argentina), Paulo Bento (Portugal), Ricardo Gareca (Argentina), Juan Carlo Osório (Colômbia), Daniel Passarela (Argentina), Lothar Matthaüs (Alemanha), Roberto Rojas (Chile), entre outros; não conseguiram seus objetivos.
Aliás, em toda história (em 63 edições), apenas dois treinadores estrangeiros conseguiram vencer o Campeonato Brasileiro: o argentino, Carlos Volante, pelo Bahia, em 1959 e o português Jorge Jesus, pelo Flamengo, em 2009.
Então, é um equívoco contratar técnico de outro país? É errado abrir portas para outras filosofias? A resposta é simples e direta: não.
No entanto, se formos aos números e estatísticas, foram mais insucessos do que sucesso. Mas por vários fatores e aspectos, vale uma ressalva. Principalmente quando se fala em tempo de trabalho, estrutura, material humano e autonomia.
Um técnico de fora ele, necessariamente, precisa de um tempo de adaptação - não que os brasileiros não necessitem. Mas eles precisam. Para conhecer a cultura do país, a forma de jogar o futebol no Brasil, as características de determinados campeonatos, conhecer o elenco e depois, assim, implantar sua filosofia e o que ele tem de ideia.
O pensamento que quero transmitir é: não é porque é estrangeiro que dará certo ou que terá sucesso. Isso é fato.
Vemos em dados, a maioria dar "errado". Algumas pessoas, hoje, acham algo inédito pelo fato da nova tendência por um, nesses últimos anos, dar certo. O técnico brasileiro não desaprendeu o que é futebol, nem perdeu sua essência. São apenas períodos de ascensão e descenso. Até porque é muito menos difícil um técnico pegar um time rico, com um elenco qualificado e amplo para implantar seu trabalho.
Portanto, para quem acha que é novidade, errou. E para quem acha que há mais sucesso que fracasso, errou também. Porém, há espaço para todo mundo. A globalização do futebol faz com que a excelência e qualidade no trabalho sejam os principais pontos de admissão - e não o país de origem.
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