Dramático, sofrido, angustiante, difícil. Assim foi a edição do Campeonato Brasileiro 2020 - que de tão louco, foi decidido em 2021.
Um campeão que só chegou à liderança na rodada 37. Outros postulantes ao título que não souberam agarrar a oportunidade. Uma trama com um roteiro totalmente incerto, onde tudo podia acontecer - e aconteceu.
O Flamengo não foi o mesmo de 2019 - também pudera. Num ano atípico, várias situações aconteceram. Parada por conta da pandemia, mudança de técnicos, surto da Covid-19, lesões, convocações etc. Ou seja, foi um ano totalmente diferente.
No início do campeonato, a expectativa de repetir o que foi feito no ano anterior. Porém, o primeiro baque: o cérebro da engrenagem fora embora. Logo depois, uma aposta que não deu certo - talvez pela falta de paciência. E por fim, um jovem técnico contestado do início ao fim de seu trabalho - até mesmo levantando o troféu.
A inquietude de não alcançar um rendimento linear foi notória - sobretudo do início para o meio do campeonato. O time não conseguia ser constante, muito menos brilhante. Entre erros e falhas; coletivas e individuais. Boas e péssimas atuações.
Em meio a tudo isso, o técnico Rogério Ceni buscando incessantemente - para não dizer desesperadamente - um padrão de jogo. Foram várias tentativas. Várias frustradas e incompreendidas. No entanto, algo que chamou a atenção: ele não mudou ou fugiu de sua ideia de jogo. Lógico, fez alguns ajustes aqui, uma mudança ali - e foi a partir daí que tudo mudou.
Ceni teve a percepção de deslocar jogadores para outras funções - Diego e William Arão, por exemplo. A ideia, em meu ver, foi: quanto mais tivermos a bola, menos vamos sofrer. Foi assim também quando as linhas de defesa foram adiantadas, para que o 'perde pressiona' funcionasse corretamente.
Outros pontos importantes podem ser ressaltados nessa mudança de postura, que deu a possibilidade da arrancada para o título.
O Flamengo se tornou um time com muitas variações táticas. Ora jogava num determinado esquema, ora em outro - tudo isso dentro das partidas. Com as mudanças, se transformou num time ainda mais técnico, ofensivo, incisivo e agudo - sobretudo na parte de criação e execução de jogadas. Tipo aquela parada de que "a melhor defesa é o ataque".
Dentro de campo, foi um título indubitável - mesmo não tendo o brilhantismo que era esperado. Pela reação, evolução, transformação e demonstração de melhor futebol. Deixando de lado tudo de "maluco" que aconteceu no ano e no campeonato, o título ficou com o melhor time.
Já em outras partes, prefiro não comentar - por achar melhor o que é feito em campo. E por méritos, o troféu está com quem fez por onde.
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