02/06/2021 07:44:01
André Avlis
COPA AMÉRICA: O problema não é a competição, mas a atual situação que vive o Brasil
Infectologistas e especialistas da saúde criticam a decisão do país sediar a competição. Torneio começa no dia 11 de junho e acaba no dia 10 de julho e partidas acontecerão em Cuiabá (MT), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF).
Troféu da Copa América.

Martelo batido e seja o que Deus quiser.

Governo Federal anunciou, nesta terça-feira (01), a realização da Copa América. A informação foi dada pelo Ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, através de uma de suas redes sociais. A tabela de jogos ainda não foi divulgada, mas a competição vai de 11 de junho a 10 de julho. os jogos serão realizados sem público.

Com relação ao protocolo sanitário a ser seguido, não houve nenhuma informação - até o momento. Segundo o Ministro, uma das condições é de que todas as seleções estejam vacinadas, com delegações de no máximo 65 pessoas e que tal condição foi imposta pelo governo. Porém, o Presidente Jair Bolsonaro disse que o protocolo não será tão restritivo e citou que seus ministros são favoráveis aos protocolos das Eliminatória e Libertadores.

Essa medida, entretanto, não é obrigatória nos protocolos sanitários da Libertadores e Eliminatórias Sul-Americanas.

Após o anúncio, vários especialistas da saúde criticaram o ato. A principal - e óbvia - preocupação dos profissionais é que a realização do torneio pode piorar ainda mais a pandemia no Brasil (se é que tem como piorar). Por vários fatores: maior número de pessoas circulando no país (aumentando a probabilidade de novas variantes), estabilidade nos casos e mortes, ocupação de leitos, aumento da taxa de contágio e vacinação lenta.

O futebol no Brasil vive uma normalidade utópica e substancial - desde seu retorno. É notório e sabido as várias falhas nos cumprimentos das medidas sanitárias. Sobretudo em protocolos impostos por clubes, federações e governos. Contudo, como foi e é tratado como essencial, o segmento teve sua continuidade.

A percepção que serve de comparação quando dizem que vários campeonatos estão acontecendo no país, e por isso é algo contraditório uma negação à Copa América é legítima. Pressupondo que caracteriza-se um "erro" semelhante.

No entanto, se há consciência no equívoco, para quê potencializar algo que - pela lógica - é para ser controlado? Independente de erros anteriores ou contínuos. Trazer algo que possa fomentar ainda mais um descontrole, elevando riscos e que pode elevar ainda mais uma tragédia, é pouco sensato. Para não dizer pouco inteligente.

Fazendo uma analogia, é como se uma pessoa descobrisse uma doença, ainda sem cura, e tivesse que fazer um tratamento (passado por um especialista) para controlá-la. Mas que em determinado período, ela própria falhou e foi negligente com sua própria saúde, tendo uma enorme piora. Porém, apesar dos erros, ela sabe que o único jeito é seguir as restrições para não ser afetada ainda mais - mesmo que tenha se equivocado anteriormente. Então, o que ela faz? Controla e não potencializa.

Pegando tal exemplo, é certo alguém oferecer algo que será ainda mais prejudicial a essa pessoa e ela aceitar? Seria, no mínimo, falta de bom senso. Ou de inteligência mesmo.

A Copa América não tem culpa, mesmo que tenham narrativas pouco inteligentes, ignorantes e limitadas sobre briga de emissoras por conta de teses deturpadas (sic!). A briga ou luta é contra apenas um adversário: o coronavírus. E justamente por isso, o ATUAL momento não pede mais um fator que possa agravar ainda mais o que já é um desastre. Logo, o mais sensato seria um adiamento. Mas pedir isso no mundo paralelo da insesatez parece algo ilusório e equivocado.

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