O futebol brasileiro vive um paradoxo - mais uma vez.
A CBF recebeu o aval do Governo Federal para colocar em prática o seu plano de retorno dos públicos nos estádios. O Ministério da Saúde aprovou o estudo com proposta de retorno de torcida aos campos. No entanto, a condição é que cada estado e município realize seus protocolos e adote medidas sanitárias apropriadas para receber torcedores.
As diretrizes: 1 - estádios liberados com 30% da capacidade; 2 - sem torcida visitante e apenas a mandante. Data: sem data definida, mas a estimativa é que seja em meados de outubro.
Mesmo com a decisão de autorizar o retorno, a CBF ainda vai discutir com os clubes como leva adiante a ideia de retorno. Por haver várias divergências e diferentes situações em estados e municípios.
No Rio de Janeiro, já há uma mobilização para o retorno. A Federação de Futebol do Rio de Janeiro (FERJ), desde a semana passada, se movimenta para a volta. Inclusive, deve permitir a presença de torcedores já no próximo mês, dia 4 - na partida entre Flamengo e Athlético-PR. Essa seria a primeira possibilidade.
Outros estados já informaram que são contra o retorno, no atual momento. Os governos de São Paulo, Paraná e Goiás foram contrários e vetaram decisão - além da prefeitura de Porto Alegre.
Entre várias divergências, contradições, incoerência e discrepância, vemos mais uma vez o "mundo paralelo" do nosso futebol - reflexo até do que vive o país.
Querer a volta das torcidas, no momento atual, é vendar os olhos para a realidade. Num país onde mais de 139 mil pessoas morreram e continuam a morrer diariamente, é inacreditável que o pensamento seja retomar a ida do torcedor aos estádios.
Partem da premissas, inconsequentes, de que "tudo já voltou" ou "tá tudo voltando ao normal". A velha mania de errar com outro erro ou sobrepor um equívoco com outro. O velho costume de tentar explicar o inexplicável com argumentos vazios e sem nexo. Mais do mesmo. Onde a transferência de responsabilidade e negacionismo se fazem presente. Típico do povo e autoridades.
Qual a estrutura que os estados e municípios têm para promover segurança para as pessoas? As medidas serão fiscalizadas com firmeza nos estádios? Terá uniformidade nas decisões e não beneficiamento para determinado lugar?
São perguntas que, certamente, não terão respostas - até porque já sabemos quais serão. É mais uma "tragédia anunciada" sendo montada. Como por exemplo, a situação de surto de casos da covid-19 no futebol.
Estão usando, mais uma vez, de politicagem. Outra vez a falta de bom senso aparece e a tolice resplandece. A mesma imbecilidade de volta - de onde nunca saiu ou foi embora. É o retrato do futebol brasileiro. Retrato do Brasil.
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