Escrevi sobre o assunto,aqui mesmo - mais de uma vez. Tornou-se até repetitivo. Continuo com a mesma opinião: o futebol brasileiro não era para ter voltado agora - mesmo trabalho no meio e tirando renda do mesmo, inclusive.
Antes de tudo, mais uma vez, sabemos a importância do retorno. Sobretudo, pela sobrevivência de várias pessoas que tiram seu pão de cada dia do futebol. Isso é óbvio. Porém, é importante e imprescindível que a segurança e a saúde venham em primeiro lugar.
Agora vamos ao que interessa. Em números, no Brasil, até abril, a covid-19 já havia matado o equivalente a todos os elencos das Séries A, B e C - hoje esse número já aumentou facilmente. Desde junho, após o retorno do futebol profissional, ao menos 151 atletas da primeira divisão testaram positivo. Além do mais, nos últimos quatro dias, mais de 30 foram infectados no Campeonato Brasileiro.
O cenário parece ter piorado naquilo que se diz "essencial". Além do malabarismo para encaixar e encaixotar o calendário; alguns jogos foram adiados, nas três divisões que foram iniciadas (A, B e C). Suspeitas de jogadores infectados que jogaram normalmente também aparecem, mas nada confirmado.
Em contrapartida, a CBF já anunciou que fará ajustes no protocolo de testagem das competições nacionais. O ponto principal: ampliação dos testes para todos os jogadores inscritos nos campeonatos. A testagem deve acontecer a cada rodada, com 72 horas de antecedência. Mudança começa a partir do próximo dia 14, sexta-feira.
Um contexto bagunçado para um futebol tão bagunçado quanto. Num país onde cerca de 1.000 pessoas morrem diariamente por conta do novo coronavírus e o número de óbitos chegou a mais de 100.000, seria até estranho se isso não estivesse acontecendo.
Reflexo do que já se é conhecido. O jogo de interesses fez com que uma pressa exacerbada acontecesse para tal retorno - e a gente sabe que não há perfeição na pressa. Nesse jogo que inclui: clubes, federações, TV e governos. Sem distinção de cores, escudos ou bandeiras.
Um país que é o epicentro de uma pandemia. Onde o futebol torna-se espelho de parte de uma sociedade. Que negaciona, minimiza e banaliza. A naturalização da morte no Brasil é algo assombroso. E é uma parada que, infelizmente, respinga no futebol.
Pelo que se desenha, o jeito brasileiro de esperar o pior acontecer deve imperar - novamente. O mesmo que espera que algo ruim ocorra para tomar providências. Típico de um lugar desordenado.
É a tal "tragédia anunciada" que grita aos quatro cantos que está chegando. E se nada for feito, ela chegará. Aí veremos que vai pagar a conta pela pressa, descuido, negligência, leviandade e imbecilidade. Mesmo sabendo que o 'pai da criança' some nessas horas, alguém pagará. Infelizmente.
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