Um mundo diferente. Talvez Nárnia ou Wakanda. No entanto, sem magia ou vibranium. O Brasil.
Um país que acaba de virar epicentro de uma Pandemia. São mais de 500 mil casos confirmados da Covid-19; além das 29.341 mortes (e contando) e 206. 555 recuperados. No entanto, tais números não parece ser relevante.
A FPF (Federação Paulista de Futebol) desenvolveu um protocolo e enviou aos clubes de olho na possibilidade de retorno do Paulistão. No documento, não possui nenhuma menção sobre data para o retorno.
É basicamente o seguinte: clubes isolados em seus respectivos de treinamento e hotéis durante a participação no campeonato; 164 pessoas no estádio em cada partida, limitando as delegações a 38 pessoas cada; arbitragem e demais profissionais devem levar sua alimentação de casa. Entre outras normas.
Inclusive, segundo o Blog do PVC, a federação fechou um convênio inédito com o Hospital Albert Einstein. Para que o hospital teste todos os jogadores dos dezesseis clubes da Série A1.
Pegando a ponte aérea, chegamos ao Rio de Janeiro. O Vasco anunciou que 16 atletas testaram positivo para a Covid-19. A reapresentação do elenco está marcada para hoje. Além do número, outros três já estão recuperados. Ao todo, 43 atletas foram submetidos a exames, ou seja, 43% testou positivamente.
Abrirei um parênteses para Minas. Pois o meia Cazares, do Atlético-MG testou positivo; assim como Vinícius Popó, do Cruzeiro.
Retomando o papo.
No Rio de Janeiro, o decreto estadual foi prorrogado e o adiamento da abertura do comércio foi, também, anunciado. O estado soma 5.277 mortes (ultrapassando a China) e 52.460 casos confirmados. Na capital, são 3.525 mortes. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde. No entanto, o prefeito da cidade, Marcelo Crivella, deve anunciar hoje a flexibilização do isolamento social.
Em São Paulo, o governador João Dória cedeu a pressão de alguns prefeitos e deve começar nos próximos dias a chamada "retomada consciente" da economia do estado. Visando flexibilizar o isolamento social e a abertura gradativa do comércio. O estado soma 109.000 casos confirmados da doença e 7,6 mil mortes.
Pois bem. Gostaria muito de saber em que mundo essa galera que quer retomar o futebol, a todo custo, vive.
Vão citar os protocolos, as medidas, o formato eficiente e o investimento feito (por alguns clubes). Vão argumentar que a forma que querem retomar é segura. O clubismo vai entrar em cena (como se fosse uma disputa de títulos). Mas, será que não entenderam que estamos no meio de uma Pandemia.
A politicagem já apareceu; a soberba/arrogância deu as caras junto do egoísmo. Tudo para mostrar algo que não é: que o futebol é essencial.
O paradoxo vivido e mostrado chega a ser bizarro. Por exemplo: demitem funcionários para "conter gastos"; contudo, gastam milhões em equipamentos. Contradições em querer voltar. Divergências políticas que implicam em defender interesses próprios. São alguns pontos que realçam a falta de bom senso por parte de alguns.
Nem a morte de alguém "próximo" foi capaz de parar o ímpeto dos clubes. A exemplo do Jorginho, massagista do Flamengo, o mais antigo funcionário do clube, que faleceu em decorrência do vírus. Nem quando os números tornaram-se nome, a ânsia parou.
Será que vão retomar e esperar algo ruim acontecer? Como sempre acontece.
Infelizmente é um papo clichê. Tão repetitivo quanto as ações sem sensibilidade de quem tem pressa. Do Rio a São Paulo; cariocas ou paulistas. Em meu ver, é um total equívoco pensar em voltar com o futebol neste momento. Sem necessidade, inoportuno e inútil. Ponto.
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