16/07/2019 07:43:39
André Avlis
FUTEBOL FEMININO: E nada mudou... descaso da CBF com a modalidade continua
Em rede social, técnica do Santos, Emily Lima, relata triste episódio que aconteceu com suas atletas em Brasília.
Técnica Emily Lima em um dos jogos do Santos (As Sereias da Vila).

Após a Copa do Mundo de 2019, parecia que o botão de "start" seria finalmente ligado aqui no Brasil. Mas, só parecia.

Tudo do mesmo e um triste episódio veio à tona. A técnica do Santos, Emily Lima, relatou em seu Instagram a situação de suas atletas ao chegarem em Brasília, após saírem da cidade de Santos e enfrentar várias escalas. Ao chegar no Hotel que a delegação se hospedaria, uma notícia pegou o time praiano de surpresa. Não havia reservas para as meninas e tiveram que dormir no saguão. Algo inadmissível.

Nossa entidade "maior", CBF, junto da empresa Palace, que cuidam da logística de viagem do Campeonato Brasileiro, usaram de total falta de respeito e imensa irresponsabilidade. Para variar.

Vou trazer alguns dados de um estudo da FIFA feito em todos os países e logicamente no Brasil, para ilustrar essa história.

Nosso país tem 15 mil mulheres jogando futebol de forma organizada (disputando campeonatos profissionais e amadores). Se compararmos com os Estados Unidos, ficamos 600 vezes atrasados. Lá, são 9,5 milhões de mulheres jogando bola por aí. Na Argentina são mais de 27 mil; na Venezuela, 24 mil. Nós perdemos até para países com populações inferiores, como Irlanda, Peru e Namíbia.

Na base, a situação é quase que deplorável ou é de fato deplorável. Comparando novamente com os EUA, a maior potência da modalidade, os números são gritantes. O Brasil tem apenas 457 jogadoras abaixo de 18 anos registradas nos clubes. Enquanto as norte-americanas tem 1,5 milhões. Por lá, elas tem 8 categorias de base na seleção, começando pelo sub-14, nos clubes. As categorias femininas começam com 4 ou 5 anos de idade. Aqui, cumprimos a exigência da FIFA e mantemos uma seleção sub-17 e sub-20, sendo que ambas estão sem técnico (a) desde setembro de 2018.

Outra coisa, a entidade só começou a "melhorar" algo quando a CONMEBOL junto da FIFA fizeram exigências e ameaçaram punir, caso não fossem acatadas. Ou seja, se não tivessem exigido, nada tinha mudado. É transparecer que só fizeram na marra. Na má vontade.

O episódio citado por Emily Lima é só mais um descaso que vem se perpetuando por décadas.

A técnica que já passou pela seleção, vem por anos levantando a bandeira do futebol feminino. Inclusive, sua saída do cargo foi no mínimo estranha. Emily tinha um aproveitamento melhor que o do técnico Vadão. Que chegou cambaleando na última Copa. E ao ser demitida, várias jogadoras anunciaram aposentadoria da amarelinha. Ou seja, foi mesmo no mínimo estranho.

Portanto, não dá para fortalecer a modalidade, se a entidade "maior" não está nem aí. E olhem que esse caso foi apenas um dos milhares que acontecem. Enquanto não entenderem que o trabalho deve ser feito com seriedade e profissionalismo, nada vai mudar e o discruso bonitinho continuará (só balela). Vamos continuar vendo muito talento, muita menina boa de bola, mas sem apoio. A esperança é que isso um dia mude. Porém, uma coisa essas pessoas têm que entender. Essas mulheres e meninas merecem respeito. E sem levantar bandeira de gênero. Merecem respeito como profissionais e atletas que são. Isso é o mínimo.

Mas, esperar o que de uma entidade sem moral e credibilidade onde passa, não é mesmo?

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